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Marvila Velha – Poço do Bispo

Existe a oriente da cidade de Lisboa, para lá de Santa Apolónia, junto ao rio, um sítio cuja história se iniciou com a reconquista da cidade aos mouros, foi residência episcopal e passeio da nobreza, acolheu os pobres de Lisboa e os bairros de lata dos operários que trabalhavam nas fábricas entrando em declínio nos […]
11 Novembro 2015, 14h53

Existe a oriente da cidade de Lisboa, para lá de Santa Apolónia, junto ao rio, um sítio cuja história se iniciou com a reconquista da cidade aos mouros, foi residência episcopal e passeio da nobreza, acolheu os pobres de Lisboa e os bairros de lata dos operários que trabalhavam nas fábricas entrando em declínio nos anos 70 com o fim da indústria.

Esquecida durante décadas, passando ao lado da Espo 98 esta zona de Marvila Velha-Poço do Bispo foi agora redescoberta por jovens artistas e empreendedores.

Em 1149, após a reconquista cristã de Lisboa aos mouros, D. Afonso Henriques decidiu doar aos bispos da Mitra de Lisboa, uma enorme extensão de terreno a Oriente da cidade.

No séc XVI, a ‘Quinta dos Arcebispos’ em Marvila define o Poço do Bispo como um limite dessa propriedade. O nome deve-se à existência de um poço que servia a população e se tornou um local de chegada pelo caminho da praia – actual rua do Açucar – que foi sendo batido ao longo dos séculos.

O palácio da Mitra pertenceu aos Bispos, Arcebispos e Patriarcas de Lisboa e é um exemplar de arquitectura setecentista que floresceu a par da construção de diversas Quintas em Marvila, propriedade de nobres que vinham descansar nas suas casas de campo junto ao rio .

Em 1933, Salazar criou em terrenos que tinham sido da ‘Mitra de Lisboa’ um asilo para o qual foram levados todos os idosos sem posses e sem família e mais tarde todos os ‘sem abrigo’ da cidade que vivessem da caridade alheia.

Quem residiu na zona associa o nome Mitra à memória do hospício-prisão, não ao elegante palacete episcopal, hoje propriedade do Município.

A industrialização leva à construção de grandes unidades industriais servidas por infraestruturas importantes, estradas, caminho de ferro, transporte fluvial e marítimo que lhes permite receber e escoar os produtos. É o caso das Fábricas dos Fósforos e Borracha, Sociedade Nacional dos Sabões, Fábrica da Cortiça, Fábrica do Açúcar refinado, Fábrica da Pólvora, Fábrica de Material de Guerra de Braço de Prata, Tanoarias e Armazéns de vinhos.

As novas vias, no entanto, dividem o território e isolam do lado norte as populações vindas sobretudo das Beiras e de Viseu trabalhar nas fábricas, que se instalam no Bairro Chinês, assim chamado devido aos filmes da época que mostravam a realidade da vida na China. No lado sul da ferrovia constroem-se unidades modernas, funcionais e que dão trabalho a milhares de pessoas.

O planeamento camarário define para esta zona ribeirinha uma vocação industrial nas primeiras décadas do sec. XX e só tardiamente planeia bairros de iniciativa pública – Encarnação, Olivais Norte e Sul e Chelas que absorvam a invasão de trabalhadores vindos da província. Estes ocupam espontaneamente terrenos públicos originando bairros de lata que permaneceram até ao fim do século passado.

Entretanto a degradação da paisagem e do ambiente leva ao abandono dos residentes mais antigos.

Inicia-se o declínio da indústria e da atividade portuária a par do insucesso do bairro de habitação social de Chelas, entretanto construído e que contribui para o processo de marginalização social.

A Expo 98 apresentou-se como a grande oportunidade de requalificação urbanística da zona oriental e o processo desenvolveu-se de forma exemplar, infelizmente travado no início deste século pela crise.

E o espraiar para poente em direção ao centro do planeamento e da construção de qualidade sofreu uma paragem súbita que todos os agentes se esforçam por contrariar.

Para além das características únicas a nível a arquitetónico o Poço do Bispo situa-se na confluência de dois sistemas sedimentados, a baixa e zona ribeirinha com o Parque das Nações.

Trata-se do local com maior potencial de expansão nos próximos anos notando-se já a reabilitação dos espaços industriais existentes para atividades ligadas às áreas criativas potenciando a chegada e permanência de uma nova população.

Assistimos a um plano espontâneo de ocupação e rejuvenescimento do tecido urbano que está a valorizar esta zona da cidade, já dotada de condições de segurança e de estabilidade necessárias para o sucesso das iniciativas das empresas recém-instaladas.

Monumentos e edifícios de interesse

. Convento do Beato

. Fábrica de Borracha

. Palácio da Mitra

. Igreja de Santa Maria de Marvila

. Armazém Abel Pereira da Fonseca

. Armazém José Domingos Barreiros

. Fábrica de Material de Guerra de Braço de Prata

 

Jovens Empreendedores e Organizações envolvidas

. Lisbon WorkHub  – coworking, workhub, eventos

. Fábrica Braço de Prata – exposições, concertos, livraria, bar, restaurante com esplanada

. Galeria Underdogs – Galeria de arte pública

. Dinastia Tang – salão de chá e restaurante de comida cantonesa

. Beatus – bar, concertos, escola de música, mercearia, garrafeira num autocarro tipicamente londrino

. Teatro meridional – companhia de teatro independente

. Entra – restaurante com workshops para todos os gostos

. Todos – hub criativo para juntar pessoal de publicidade, realizadores, fotógrafos e produtores

. Café com Calma – restaurante

. Academia de Parkour – primeira academia de Parkour do país

. Radio TSF

 

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