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Médio Oriente: União Europeia tem panóplia de decisões a tomar sobre relação com Israel, diz António Costa

“Pela primeira vez temos uma panóplia de decisões a tomar com consequências concretas no nosso relacionamento com Israel e fruto não da vontade de termos um conflito com Israel, mas da constatação daquilo que é a realidade que ninguém pode deixar de ver”, diz António Costa, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.
2 Julho 2025, 08h48

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, garante que a União Europeia (UE) tem “uma panóplia” de decisões com “consequências concretas” que pode tomar sobre a relação com Israel devido à violação dos diretos humanos em Gaza.

“Pela primeira vez temos uma panóplia de decisões a tomar com consequências concretas no nosso relacionamento com Israel e fruto não da vontade de termos um conflito com Israel, mas da constatação daquilo que é a realidade que ninguém pode deixar de ver”, diz António Costa, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.

Quando assinala seis meses no cargo de líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da UE, o antigo primeiro-ministro português destaca que, “pela primeira vez, há um relatório oficial da União Europeia constatando a violação dos direitos humanos em Gaza e o Conselho Europeu mandatou o Conselho [da UE] para tirar as conclusões adequadas desses factos em relação ao acordo de associação com Israel”.

“Agora, se vamos aplicar sanções aos ministros, se vamos aplicar sanções a Israel, se vamos suspender o acordo, se vamos simplesmente convocar o conselho de associação [UE-Israel]… Eu não me vou antecipar àquilo que é o debate próprio que os ministros dos Negócios Estrangeiros vão fazer”, enumera.

António Costa tem sido um dos líderes da UE mais vocais a condenar a situação humanitária em Gaza e, na quinta-feira, levou o tema à reunião do Conselho Europeu, a terceira ordinária por si presidida após ter iniciado funções em 01 de dezembro passado.

Na ocasião, António Costa afirmou que a UE “não deve ficar impávida” sobre a situação humanitária em Gaza, face à ofensiva israelita, defendendo diálogo com “o amigo” Israel para cessar-fogo.

Nas conclusões aprovadas na cimeira europeia, os chefes de Governo e de Estado da UE “deploraram a terrível situação humanitária” na Faixa de Gaza, perpetrada por Israel, considerando “inaceitável o número de vítimas civis e os níveis de fome” com o bloqueio à entrada de camiões no enclave palestiniano, segundo as conclusões escritas aprovadas.

No texto, o Conselho Europeu disse também tomar “nota do relatório sobre o cumprimento do Artigo 2.º do acordo de associação entre Israel e a UE”, que dá conta de violações dos direitos humanos por parte de Telavive, e anunciou que em julho vai começar a discutir como proceder.

Na entrevista à Lusa, António Costa admite que “cada um destes 27 Estados-membros tem, relativamente a si próprio e relativamente ao mundo, uma história e uma tradição bastante diversas”, com países como Alemanha, República Checa e Áustria a terem fortes laços com Israel.

“Infelizmente, a trágica realidade humanitária que Israel causou em Gaza […] obviamente levou a que ninguém hoje em dia se possa opor a sinalizar que a situação humanitária em Gaza é verdadeiramente dramática e que é urgente o cessar-fogo de Israel em Gaza, é urgente terminar com os colonatos ilegais na Cisjordânia, é urgente permitir a assistência humanitária e é urgente salvar a população de Gaza”, vinca.

A posição surge numa altura em que se registam mais de 56 mil mortos e mais de 127 mil feridos desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas em outubro de 2023.

É também estimado que cerca de 470 mil pessoas estejam em risco de fome severa, com dezenas de civis mortos enquanto esperavam ajuda humanitária nas últimas semanas.

No passado dia 01 de dezembro de 2024, António Costa começou o seu mandato de dois anos e meio à frente do Conselho Europeu, sendo o primeiro socialista e português neste cargo.

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