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Melhor fiscalidade para o Futebol defendida no Thinking Football Summit

“A Liga Portugal é um integrante da CIP e não conseguimos compreender porque uma atividade de entretenimento na área da Cultura tenha IVA a 6%, e a indústria do Futebol tenha 23%”, defendeu o presidente da CIP no “Thinking Football Summit”, cimeira organizada pela Liga Portugal.
Strengthening the Recognition of Professional Football in the Areas of Sports, Economy, and Finance
13 Setembro 2024, 19h36

A consolidação da cimeira Thinking Football foi esta quinta-feira elogiada pelo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença, no discurso de encerramento do primeiro dia da terceira edição do evento, que decorre até sábado no Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

O evento junta cerca de 250 oradores nacionais e internacionais para quase uma centena de debates sobre a modalidade.

Um dos painéis, moderado pelo jornalista do Jornal Económico, José Carlos Lourinho, defendeu melhores condições fiscais para o Futebol.

O palco The Academy, no primeiro dia do Thinking Football Summit 2024, recebeu Armindo Monteiro, Presidente da Confederação Empresarial de Portugal, Ricardo Costa, CEO do Grupo Bernardo da Costa, e Mauro Xavier, gestor de empresas, que participaram no painel “Reforço do Reconhecimento do Futebol Profissional nas Áreas do Desporto, Economia e Finanças”.

Armindo Monteiro (Presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal”, Ricardo Costa (Diretor do Expresso) e Mauro Xavier (Administrador da Fundação Benfica) abordaram alterações legislativas que consideram ser decisivas para aumentar a competitividade do Futebol português.

Numa conversa que realçou “os resultados de excelência de Portugal na indústria do Futebol”, Armindo Monteiro destacou duas alterações que considera essencial para manter e estimular a competitividade internacional do setor. “É importante estarmos num contexto com eficiência coletiva e isso é dado por uma Liga forte, por uma organização que permita que todos sigam em conjunto”.

“Há, naturalmente, medidas para isso e há duas que nos parecem importantes colocar já neste Orçamento de Estado. A Liga Portugal é um integrante da CIP e não conseguimos compreender porque uma atividade de entretenimento na área da Cultura tenha IVA a 6%, e a indústria do Futebol tenha 23%”, defendeu o presidente da CIP.

“O que pedimos é tratamento igual”, afirmou, abordando ainda o que considera ser a carga fiscal elevada aplicada em Portugal, com consequências para o futebol.

“Temos taxas muito elevadas, impostos de rico num país pobre. O Futebol acaba por pagar por isso. Os salários na taxa mais alta são taxados ao nível multimilionários, e isso não pode ser assim. Há um conjunto que é retirado aos jogadores, e eles querem saber quanto é que ganham. A competitividade é o que o clube lhe paga líquido e aí não somos competitivos. Tínhamos uma medida, que era promover o regresso dos jogadores ao País e até isso acabou”, explicou Armindo Monteiro, abordando também a profissionalização da indústria e uma relação profissional entre os dirigentes, apresentando o caso de Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal.

Opinião semelhante defendeu Ricardo Costa, assumindo que o futebol começou a ser olhado como indústria tardiamente pelos responsáveis. “Quando se fala em temas de IVA e de IRS, há muito para corrigir. Há muitas propostas que têm vindo a ser apresentadas no quadro da economia e das empresas, e o futebol tem de ser visto cada vez mais como uma empresa”.

“Esse foi o grande problema durante muitos anos, olhar para o futebol como uma paixão e esquecer que, de facto, é um negócio”, disse o jornalista, alongando a discussão sobre as temáticas do IVA e do IRS.

“É um erro retirarmos o futebol da realidade do país, e a verdade é que as empresas têm muitos problemas. Ao nível da elevada carga fiscal que lhe é imposta, ela também é aplicada no futebol”, acrescentou Ricardo Costa.

“Ao nível dessa carga fiscal sobre os salários, também é absurdamente elevada e isso é um problema que as empresas sentem para atrair talento, e o futebol igualmente. Não estamos aqui só a falar dos salários multimilionários. Eu contacto com a realidade de clubes e vejo as dificuldades que passam para atrair jogadores, de forma a evitar a sua ida para outras geografias”, referiu, deixando um pedido às entidades responsáveis.

“O Governo, o Orçamento de Estado, o Ministério das Finanças e o Ministério da Economia devem promover um ambiente favorável para que a indústria do futebol possa progredir, mas sem o retirar daquilo que é o conjunto de problemas das empresas em Portugal”, concluiu Ricardo Costa.

Por sua vez, Mauro Xavier começou por destacar o papel do futebol na internacionalização do país. “Temos de contextualizar e tratar de igual o que é igual e diferente o que é diferente. Há poucas indústrias em que Portugal consegue estar no top-10 mundial, muito menos no top-5 ao nível europeu”, começou por dizer.

“Há quatro ou cinco medidas que o Orçamento de Estado, a Liga e a Federação têm de começar a negociar em nome dos clubes. Ir ver um teatro custa 6% de IVA, ir ao futebol custa 23%. Não consigo perceber, é a única atividade cultural que tem bilhetes com este valor”, defendeu Mauro Xavier.

A Autoridade da Concorrência, através do Governo, não permite que os operadores de comunicação possam fazer um leilão entre si para os direitos televisivos e isso é prejudicial, explicou o  Administrador da Fundação Benfica.

Falou ainda da atração de talento. “Itália tem uma taxa base com 200 mil euros máximo de valor”, disse.

“Em Portugal, jogadores como o Di Maria pagam dois milhões de impostos. Sempre que os jogadores são vendidos, são menos impostos em Portugal. Neste Orçamento acho há algumas medidas fiscais e de concorrência para dar uma dinâmica diferente a um dos setores que mais impacto tem em Portugal”, rematou.

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