O mercado de arrendamento em Portugal registou um crescimento de 19% no ano passado, tendo sido realizadas 2.539 operações de arrendamento, mais 408 do que o verificado em 2018, segundo os dados da consultora imobiliária Century21 Portugal revelados em comunicado esta sexta-feira, 7 de fevereiro.
Estes números, de acordo com a consultora acabam por ser uma consequência da escassez de oferta de imóveis para aquisição ajustados ao poder de compra dos portugueses. A nível nacional, o valor médio do arrendamento fixou-se nos 807 euros, uma descida ligeira de 1% face à média nacional de 812 euros observada em 2018.
No entanto, este valor médio é inferior ao registado nos distritos de Lisboa, onde o valor médio de arrendamento atingiu os 1.014 euros, do Porto com 868 euros e Faro, onde se situou nos 811 euros. De acordo com a consultora estes dados revelam que o valor do arrendamento, em diversas regiões, já atingiram o limite da capacidade financeira da maioria das famílias portuguesas e que apenas os consumidores do segmento médio, e médio alto, conseguem aceder às soluções de arrendamento que estão em oferta, no mercado.
Em termos de regiões que registaram os maiores aumentos do valor médio de arrendamento estão Évora com 666 euros (366 em 2018), Açores com 518 euros (403 em 2018) e Coimbra com 501 euros (394 em 2018). Em sentido inverso, destaque para o distrito de Setúbal, onde o valor médio de renda caiu mais de 32% (609 euros, face aos 899 de 2018), a Madeira que registou uma descida superior a 16% (557 euros, face aos 668 de 2018) e Braga com uma quebra de 5% (476 euros, face aos 503 de 2018).
Em relação às habitações mais procuradas pelos portugueses no ano passado estão os apartamentos, de tipologias T2 e T3, com o valor médio de venda dos imóveis, a nível nacional, a atingir os 147,7 mil euros, um crescimento de cerca de 5% face ao valor médio de 140 mil euros registado em 2018.
Transações internacionais: franceses e brasileiros dominam no Porto e Cascais
No ano passado foram realizadas 2.231 transações de venda internacional, o que representou uma ligeira subida de 1% face às registadas no ano anterior. Em termos regionais, os clientes internacionais que mais procuraram imóveis na cidade do Porto foram de cidadãos franceses, brasileiros, israelitas e chineses, bem como de outros países do Médio Oriente como a Turquia e Irão.
Em termos de tipologias, existiu uma procura quase exclusiva por apartamentos, maioritariamente de tipologia T2. Ao nível dos valores a média variou entre os 100 mil e os 200 mil euros.
Na zona de Cascais, a procura de apartamentos foi dominada por cidadãos brasileiros e franceses. A região da Nazaré verificou uma maior atratividade de clientes franceses, suecos, belgas e ingleses, que procuraram, sobretudo, apartamentos de tipologia T2, com grandes varandas e moradias até 200 mil euros. Já o Algarve foi procurado, maioritariamente, por franceses, alemães, Reino Unido, russos, italianos e americanos, que procuraram apartamentos de tipologia T2 e moradias V3, com valores até 500 mil euros.
Em Lisboa, a procura mais relevante veio de nacionalidades europeias, como França, Itália, Espanha e Luxemburgo, seguida de perto pelo Brasil, China, e outros países como Bahrain e Nepal. Em relação aos Vistos Gold, os dados da Century21 indicam uma mudança de paradigma, com uma procura inicial associada à aquisição de habitações, mas em 2019 verificou-se uma maior preferência por lojas e escritórios, para investimento e com rentabilidade imediata, com valores superiores a 350 mil euros.
Perspetivas para 2020
Para este ano a Century21 Portugal estima que o setor imobiliário mantenha as dinâmicas de 2019, ou seja uma continuação de taxas de juro historicamente baixas, elevada procura em todos os segmentos residenciais e uma oferta limitada, principalmente no segmento de preço mais baixo. No entanto, a empresa acredita ser expectável que os preços dos imóveis em segunda mão estabilizem, ou mesmo baixem, com os proprietários a serem mais realistas na definição do valor das suas casas, sobretudo nos principais centros urbanos. Por sua vez, nas cidades periféricas de Lisboa e do Porto, é provável que se verifiquem subidas ligeiras de preços e transações.
Ricardo Sousa, CEO da Century21 Portugal, afirma que “o setor imobiliário necessita de ganhar agilidade e adotar uma percepção mais eficiente das alterações demográficas, económicas, sociais e ambientais que a sociedade está a enfrentar”, acrescentando que se regista “um desajuste muito evidente entre a atual oferta e a procura”.
O responsável da consultora assume que “o mercado imobiliário não está a facultar soluções habitacionais adequadas às expectativas e necessidades das famílias portuguesas” e como tal “os principais atores do setor imobiliário necessitam de constatar o que pretendem os consumidores nacionais, o que procuram, o que desejam e o que podem efetivamente adquirir, para se criarem soluções de habitação em linha com as expectativas e a capacidade financeira das famílias portuguesas”.
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