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Mercado sem rumo à espera do helicóptero

A bola ainda rola no campo do laxismo e o único ponto relevante é quanto.
14 Janeiro 2021, 10h31

Quando, após a crise de 2007, se começou a falar de “dinheiro de helicóptero”, o tema parecia ter saído de um qualquer argumento de ficção utópico, sendo imediatamente conotado como uma ideia vincadamente de esquerda, mas que jamais poderia ser algo para colocar em prática naquele que é considerado o expoente máximo do Capitalismo, os EUA.

O certo é que a semente ficou. Uma década e um vírus depois e a utopia deu lugar a uma inevitabilidade que não sofreu qualquer tipo de resistência, acabando os cidadãos por receber apoios directos do Estado através de cheques semanais, e indirectos derivados dos apoios ao emprego e às empresas, com os subsídios para os ordenados, que envolveu igualmente a Fed, mais concretamente no perdão de empréstimos às empresas que tenham utilizado os montantes para pagamento de salários.

E se há uma ideia a reter destes últimos 10 anos é sem dúvida a politização dos bancos centrais, que quebraram tabus supostamente inquebráveis, como a entrada no mercado da dívida obrigacionista empresarial, para não falar do elefante na sala – e refiro-me aqui à manipulação dos juros da dívida soberana através da compra massiva de obrigações por parte dos bancos centrais, elevando de forma substancial os rácios de dívida versus PIB, tendo como contraparte a inusitada redução dos juros, que, em muitos casos, se situam agora em valores negativos.

Ora, isto é algo que certamente não prima pela correspondência com a sustentabilidade, acabando por ser uma troca de alívio no curto-prazo, mas que acabará por ser um problema muito doloroso de resolver no médio-longo prazo. Ou seja, como desinflacionar a gigantesca bolha de liquidez presente em todo o sistema financeiro, sem provocar uma hecatombe de proporções dantescas em diversos mercados.

Mas por ora a bola ainda rola no campo do laxismo e o único ponto relevante é quanto. Quanto irá Joe Biden anunciar de estímulos para os próximos tempos, quanto mais será expectável que venha a ser distribuído e por quanto mais tempo estará a Fed numa posição ultra dovish. Não será por acaso que dois membros influentes do seu board, James Bullard e Eric Rosengren, vieram esta quarta-feira, 13 de janeiro, acalmar o mercado ao indicar que as compras de activos não irão diminuir nos próximos tempos, dando assim indícios de que tal só deverá ocorrer depois da economia ter demonstrado que ultrapassou a crise e que o pó da tempestade assentou.

O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é de uma hora.

 

O principal índice accionista está numa fase de consolidação através de um canal ligeiramente descendente, mas que poderá ser quebrado em breve.

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