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Mercados acalmam após sell-off global com resultados trimestrais e dados macro

Resultados trimestrais nos EUA em linha com o esperado, dados industriais alemães em alta e uma estabilização do ‘carry trade’ ajudaram os mercados a estabilizar após o susto de segunda-feira, mas as opiniões dividem-se quanto aos efeitos de médio e longo prazo.
7 Agosto 2024, 07h30

O pânico nos mercados desta segunda-feira parece ter acalmado, com os investidores a estabilizarem posições à boleia de resultados trimestrais sólidos e uma descida da volatilidade. A situação não está controlada, mas os medos de um meltdown global que dominaram a sessão do dia anterior estão significativamente menos exacerbados.

As bolsas europeias fecharam com uma tendência ligeiramente negativa, isto apesar de terem iniciado a sessão em alta, corrigindo parte das perdas das sessões de agosto. Depois de ter sido um dos sectores mais penalizados na segunda-feira, o ramo tecnológico recuperou 1,7%, corrigindo parte das perdas, enquanto na vertente macro os dados das encomendas industriais alemãs deram algum suporte ao ficarem acima do esperado.

Também nos Estados Unidos (EUA) a sessão foi de recuperação, com o S&P e o Nasdaq a ganharem mais de 2% boa parte da sessão e o índice de volatilidade VIX, apesar de se manter acima da sua média histórica em torno de 20 pontos com uma leitura de 24,38, está muito longe do máximo de 65 pontos registado na segunda-feira.

Os fundamentos para este sell-off também sofreram alguma evolução positiva desde segunda-feira. Por um lado, o efeito da subida dos juros no Japão – que fortaleceu o iene e tornou menos viável o chamado ‘carry trade’, onde os investidores se endividam a taxas perto de zero para investir noutras divisas com juros mais altos – está a ser interiorizado pelos mercados, limitando o impacto do principal motivo para a instabilidade do fim de semana passado.

Por outro, os resultados trimestrais do dia ficaram em linha com as expectativas, com a Caterpillar e a Uber a reportarem receitas acima do projetado e subindo como consequência nos mercados.

“O sell-off não só não foi justificado do ponto de vista dos fundamentos, também foi provavelmente exacerbado pelos menores volumes transacionados”, escreve Michael Brown, analista de mercado na Pepperstone. Um bom exemplo do exagero na reação dos mercados, que supostamente temem uma recessão nos EUA, é que a ferramenta da Fed de monitorização do PIB continua a projetar 2,5% de crescimento no terceiro trimestre.

“Acreditamos que se trata de uma mudança de sentimento, não de substância. Temos vindo a alertar para o facto de o mercado ter corrido muito na primeira metade do ano e de ser razoável que fizesse uma pausa. Pois bem, ela veio de forma abrupta e algo excessiva”, escrevem os analistas do Bankinter, ressalvando que este evento “não altera o contexto do mercado, que continua a ser positivo”.

Citado pelo “Financial Times”, Ajay Rajadhyaksha, líder de research na Barclays, vê neste evento “uma mudança de regime”, confessando ser “muito difícil imaginar que vamos voltar ao ‘business as usual’”. O contraste de análises sublinha bem incerteza em torno dos mercados, dado o desprendimento desta crise dos fundamentos.

Também a expectativa quanto a uma possível resposta iraniana e dos seus proxies na região aos assassinatos por Israel de Isma’yil Haniyeh, líder político do Hamas, em Teerão e de Fu’ad Shukr, comandante do Hezbollah, em Beirut vinha condicionando os mercados, que recuperam face à não escalada do conflito.

Em linha inversa aos índices, e também contrário a uma situação de pânico quanto a uma incerteza geopolítica extrema, o ouro também foi perdendo gás durante a sessão, acumulando o quinto dia seguido de desvalorização.

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