Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), considera que “a metalurgia fez ao longo dos anos algumas revoluções silenciosas, que fizeram triplicar as exportações no espaço de 15 anos. São referências para o automóvel, para a energia, etc.”. Mas são também, salientou ao longo da sua participação na ‘Future Summit’ – realizada no âmbito da EMAF (Feira Internacional de Máquinas, Equipamentos e Serviços para a Indústria) e de que o JE foi media partner, a evidência de que “a metalurgia portuguesa está em posição” de responder de forma positiva aos desafios muito recentes que se colocam à União Europeia em matéria do setor da Defesa.
Para Rafael Campos Pereira, este posicionamento – que, disse, revela eficácia, competitividade e compromisso com a inovação (a chave de tudo) – talvez não seja suficiente. Nesse contexto, o executivo da AIMMAP chamou a atenção para a burocracia europeia: “temos de trabalhar de forma coesa, de forma articulada, para chegarmos a centros de decisão importantes como por exemplo o caso da NATO”, sendo essencial que “o Estado ajude a desbloquear os custos de contexto”. Ou seja, há um ‘trabalho de casa’ que importa que seja feito nesses dois planos distintos: o europeu e o nacional. Sendo certo, salientou, que haja um alinhamento claro entre esses dois planos, para que não se desperdice tempo, capacidade instalada e recursos.
No mesmo sentido seguiram as declarações de Vítor Neves, presidente da AIMMAP, que disse, por seu turno, que “o setor da Defesa afirma-se como um motor de inovação e de soberania nacional”, num contexto em que a metalurgia tem uma presença e “novas responsabilidades a que a indústria portuguesa tem sabido dar resposta”. Mas existem muito mais empresas do setor que estão aptas a ‘entrar’ no setor da Defesa de forma eficaz.
Entre os vários responsáveis que tomaram parte nos trabalhos, merece destaque a visão de Isabel Furtado – presidente do conselho de administração do CEIiA, mas também ligada ao sistema industrial por via do grupo TMG, onde os têxteis ligados ao setor da Defesa não serão propriamente uma novidade. Isabel Furtado insistiu no regresso dos blocos globais, envolvidos “numa guerra comercial, mas também tecnológica” que importa ter presente. “O investimento em Defesa é um dos motores de inovação e de industrialização de vários setores”, “com efeitos multiplicadores” que importa tomar em consideração. Têxtil e metalomecânica estão na linha da frente de uma prioridade que, disse Isabel Furtado, pode patrocinar uma reindustrialização que é imperativa em termos nacionais – mas também europeus. No quadro do CEIiA, disse Isabel Furtado, a inovação está na ordem do dia, com inúmeros desenvolvimentos que se inserem bem no âmago da indústria de Defesa – nomeadamente no que tem a ver com satélites – uma questão central em termos de independência de outros blocos, nomeadamente o norte-americano. “Há que fazer escolhas, que politicamente não são as mais desejáveis”, observou.
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