O presidente do Governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, considera “fundamental para o centro-direita” um entendimento entre o Partido Social Democrata (PSD) e o Chega de André Ventura. O líder do PSD da Madeira acredita que a aproximação entre os dois partidos pode “derrotar a esquerda” e, ao contrário do líder social-democrata, Rui Rio, dispensa qualquer “moderação” ao partido de André Ventura.
Em entrevista à rádio ‘Renascença’, Miguel Albuquerque afirmou que “tudo o que sejam coligações no sentido de derrotar a esquerda em Portugal é bem vindo” e que uma aproximação entre o PSD e o Chega contribuiria para derrubar o Partido Socialista (PS). “Basta olhar para o xadrez político, para a situação, para perceber que, neste momento, é fundamental que o centro-direita se junte para derrotar a esquerda”, sublinhou.
Para Miguel Albuquerque, foi no sentido de reforçar “as forças de centro-direita” que Rui Rio veio admitir, em entrevista à RTP3, que as conversações “não dependem do PSD, dependem do Chega”. “Se o Chega evoluir – embora seja um partido marcadamente de direita, em muitos casos de extrema-direita, muito longe de nós que estamos ao centro – para uma posição mais moderada, penso que as coisas se podem entender”, referiu.
Apesar de as declarações de Rui Rio terem agitado o PSD e motivado críticas de vários partidos, Miguel Albuquerque vai mais longe e admite a possibilidade de conversações mesmo se o Chega não assumir qualquer moderação no discurso. “O que quer dizer moderado? Moderado como o Bloco de Esquerda, que é estalinista? Moderado como Partido Comunista, que defende a Coreia do Norte?”, questiona.
“Evidentemente que nós temos de salvaguardar os valores essenciais do nosso partido, que são valores humanistas, mas isso não implica que do ponto de vista instrumental e político se formem alianças para derrotar o nosso adversário principal”, argumenta o líder do PSD da Madeira, notando que “hoje, a extrema direita europeia integra coligações em governos democráticos na Europa e nenhum mal veio ao mundo por isso”.
Miguel Albuquerque desvalorizou ainda algumas das posições mais radicais do partido de André Ventura, como a prisão perpétua de homicidas ou a castração química de pedófilos, dizendo que “o Chega é acusado de tudo” e que isso mostra que tem “uma repercussão na sociedade portuguesa” e “aborda um conjunto de temas e respostas que não são abordadas pelos partidos tradicionais”. “Todas as propostas, em democracia, devem ser discutidas”, referiu.
“Alguns aspetos do discurso do Chega, sobretudo o confronto com os tabus da esquerda, faz com que um conjunto do eleitorado se reveja nesse discurso”, concluiu.
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