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Miguel Maya admite que plataforma de malparado possa ser reequacionada em 2020

“É nossa obrigação estudar todas as oportunidades, analisaremos o Novo Banco. Mas neste mandato não pretendemos fazer mais aquisições”, disse ainda Miguel Maya sobre a possibilidade de comprar o Novo Banco à Lone Star.
Miguel A. Lopes/Lusa
20 Fevereiro 2020, 18h40

A plataforma de malparado, que foi criada há mais dois anos para reestruturar créditos em incumprimento superiores a 5 milhões de euros que tivessem viabilidade económica e financeira das empresas devedoras, vai ser alvo de um balanço e nessa altura vai questionar-se se continua a fazer sentido existir, admitiu o CEO do BCP, um dos três bancos da plataforma.

A plataforma foi criada para apresentar soluções para recuperar os créditos malparados comuns a três bancos que aderiram à plataforma em setembro de 2017 (CGD, BCP e Novo Banco).

“No contexto actual em que os bancos já estão com rácios de crédito vencido bastante próximo daquilo que é uma situação normal, é naturalmente um tema que será objecto de reflexão e debate entre os bancos ao longo de 2020”, afirmou Miguel Maya na apresentação de resultados anuais.

Isso quer dizer que a plataforma vai acabar? “Isso quer dizer que tudo o que faz sentido é enquanto faz sentido, e é nossa obrigação questionar tudo aquilo que a partir de um determinado momento é preciso fazer o balanço entre custos e proveitos e tomar as decisões em função desse balanço. Mas ainda não tivemos uma reunião de balanço da plataforma, nessa altura tomaremos a decisão”.

A utilidade da plataforma sempre foi questionada. Era sabido que servia para agilizar a negociação dos créditos comuns a um mesmo cliente quando este tem dificuldade em cumprir com o pagamento do crédito, e sempre se concentrou em encontrar soluções em empresas com viabilidade que todos os bancos aprovassem.

Miguel Maya disse, em conferência de imprensa, que as soluções estão indexadas às conjunturas e que o BCP tem conseguido diminuir o stock de malparado.

“Felizmente em Portugal temos sido capazes de organicamente resolver um conjunto muito significativo de ativos improdutivos. A nossa redução de malparado tem sido suportada no trabalho interno do banco. Houve alguma ajuda da plataforma num caso ou noutro”, salientou o presidente do BCP.

O BCP anunciou uma redução de 1,3 mil milhões de NPE (crédito não produtivo) para 4,2 mil milhões de euros, sendo que os NPE em Portugal caíram 1,6 mil milhões em 2019. O banco aumentou a cobertura total de NPE de 109% para 116% e a cobertura por imparidades subiu de 52% para 58%.

O custo do risco baixou de 92 pontos base para 72 pontos base, sendo que em Portugal caiu de 105 pb para 76 pb. À custa de menos crédito com imparidades em 2019. As imparidades para crédito somaram 390,2 milhões em 2019 quando em 2018 tinham sido de 464,6 milhões. Já as imparidades para outros ativos foram de 151,4 milhões, acima dos 136,5 milhões em 2018. Ao todo em 2019 as novas imparidades totalizaram 541,6 milhões, menos 9,9% que no ano anterior.

O stock de imparidades caiu 15,8% para 2.449 milhões de euros. Só em Portugal as novas imparidades caíram 27,4% para 371,1 milhões de euros. E o stock desceu 21,2% para 1.877 milhões de euros.

Novo Banco? “Analisaremos a operação” quando estiver no mercado

Sobre outro tema, o CEO disse que o BCP admite estudar o Novo Banco quando vier para o mercado, se fizer sentido e tiver racional para o banco. A questão ganha sentido numa altura em que o Bankinter admitiu estudar a compra do Novo Banco, o que o posicionaria em terceiro lugar no ranking de ativos líquidos em Portugal.

“É nossa obrigação estudar todas as oportunidades, analisaremos o Novo Banco. Mas neste mandato não pretendemos fazer mais aquisições”, disse o CEO do BCP sobre a possibilidade de comprar o Novo Banco à Lone Star.

“Sempre dissemos que o nosso crescimento é orgânico e que queríamos fazer uma aquisição e está feita: é o EuroBank“, começou por dizer o banqueiro.

“Se e quando acontecer, vamos olhar com o rigor que suporta as nossas decisões — não é crescer por crescer — e analisaremos essa operação e diremos se fará sentido e por que valor faz sentido”, declarou Miguel Maya. “Mas é um assunto que não nos ocupa um segundo“, disse ainda.

O presidente do banco falou ainda da proposta dividendos que não está definida, dizendo que “vai ser uma proposta muito conservadora”.

Já questionado sobre a abertura do BCP para converter créditos em capital da Efacec, empresa que tem como maior acionista Isabel dos Santos, Miguel Maya disse que “não perspectivava nenhuma conversão de créditos em capital”.

“Aquilo que o BCP puder fazer para ajudar ao processo da Efacec, fará. Estamos disponíveis para ser parte da solução”, revelou ainda.

O BCP acredita ainda que a petrolífera Sonangol é uma acionista (com 19,49%) satisfeita e como tal não vê uma alteração na estrutura acionista do banco.

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