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Ministro diz que Alfredo Casimiro “deve dezenas de milhões de euros a fornecedores” e que para ir a aumento de capital tem “antes de pagar a quem deve”

Pedro Nuno Santos recordou hoje que Alfredo Casimiro absteve-se na votação que teve lugar no conselho de administração da empresa sobre a proposta de compra de equipamentos da Groundforce pela TAP que permitiu pagar os salários em atraso de 2.400 trabalhadores, com outro administrador nomeado pela Pasogal a votar contra: Gonçalo Carvalho. A proposta foi aceite com votos favoráveis dos dois administradores nomeados pela TAP e pelo presidente executivo Paulo Neto Leite, nomeado pela Pasogal.
Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos
24 Março 2021, 10h30

O ministro das Infraestruturas disse hoje que o acionista maioritário da Serviços Portugueses de Handling (SPdH)/Groundforce deve “dezenas de milhões de euros” e que não teve vontade de ir ao aumento de capital proposto pela TAP para a empresa de assistência de bagagens, carga e passageiros nos aeroportos nacionais.

Em audição no Parlamento esta quarta-feira, 24 de março, Pedro Nuno Santos recordou que a TAP “tentou encontrar alternativa” para a Groundforce quando apresentou a proposta de aumento de capital que iria permitir à TAP “entrar com dinheiro para pagar salários” e dar o “controlo da empresa” à companhia aérea.

A companhia de handling é detida pela Pasogal (50,1%) de Alfredo Casimiro, e pelo grupo TAP (49,9%), detida em 72,5% pelo Estado português.

“O empresário não quis, não queria perder o controlo da empresa, ele próprio assumiu, recusou, fez uma manobra de diversão com a TAP. Não pode ser levado a sério, estamos a falar de alguém que tem dezenas de milhões de dividas”, afirmou o governante na comissão parlamentar de economia.

“Isto suscita-nos outra preocupação, a forma como alguns empresários trabalham em Portugal. Se temos um empresário que deve dezenas de milhões de euros a fornecedores, não deixa de ser caricato aparecer uma noticia a dizer que tem disponibilidade para fazer aumento de capital. Bom, se tinha milhões de euros para fazer aumento de capital tinha antes de pagar a quem deve. Não era uma solução séria, era mais uma manobra de diversão”, disse Pedro Nuno Santos sobre Alfredo Casimiro.

A situação foi superada através da compra pela TAP dos equipamentos da Groundforce por sete milhões de euros. Com esta operação, a TAP “encontrou uma forma de dinheiro entrar” na empresa de handling.

“A TAP está salvaguardada, os equipamentos da Groundforce são neste momento da TAP. Se a Groundforce fosse à insolvência, os equipamentos já estavam do lado da TAP”, sublinhou na sua intervenção.

Sobre a votação da proposta da TAP para comprar os equipamentos à Groundforce, Pedro Nuno Santos sublinhou também que Alfredo Casimiro absteve-se na votação que teve lugar no conselho de administração da empresa, com outro administrador nomeado pela Pasogal a votar contra: Gonçalo Carvalho.

“Tivemos o líder da empresa aqui no Parlamento a aceitar que aceitava a proposta da TAP de compra dos equipamentos [quinta-feira passada]. Vejam só, logo no dia seguinte, a proposta é feita, felizmente passa, mas com abstenção [de Alfredo Casimiro] e voto contra de outro administrador nomeado por ele mesmo”, recordou.

A proposta foi aceite pela Groundforce com os votos favoráveis dos dois administradores nomeados pela TAP e do presidente executivo da empresa, nomeado pela Pasogal Paulo Neto Leite, conforme avançou a Lusa na passada sexta-feira.

No âmbito deste acordo, a Groundforce vai pagar 461,762 mil euros todos os meses à TAP pelo aluguer dos equipamentos que vendeu à companhia aérea por sete milhões de euros, revelou hoje a agência Lusa.

Depois de quase um mês de atraso, os trabalhadores da Serviços Portugueses de Handling (SPdH)/Groundforce receberam finalmente esta semana os seus salários em atraso relativamente ao mês de fevereiro.

O pagamento integral dos salários da empresa de assistência de bagagens, carga e passageiros nos aeroportos nacionais foi feito no dia 22 de março.

Os salários foram pagos depois de a TAP ter chegado a acordo com a Groundforce para comprar o seu equipamento. A companhia aérea depois aluga de volta os equipamentos à Groundforce para que a empresa possa prosseguir a sua atividade.

A operação – conhecida por sale & lease back – vai ficar fechada por 6,97 milhões de euros, ” valor esse que é o necessário e suficiente para que a SPDH (Groundforce) possa pagar os salários de fevereiro de 2021 e Março de 2021, bem como os correspondentes impostos de Março de 2021″, segundo anunciou a TAP na semana passada.

Além de acionista minoritário, a TAP é também o maior cliente da Groundforce, sendo responsável por 70% da operação.

O acordo entre a empresa de handling e a companhia prevê que os equipamentos possam ser comprados de volta em 60 dias, segundo avançou a CT da empresa na sexta-feira passada.

Entre os equipamentos que a Groundforce vai vender à TAP encontram-se: tratores, ‘push backs’ (rebocadores), escadas e autocarros, “entre outros equipamentos que configuram a atividade de handling”, conforme descreveu o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, na quinta-feira no Parlamento.

 

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/trabalhadores-da-groundforce-ja-receberam-salarios-em-atraso-716444

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