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Ministros das Finanças do G7 discutem novas medidas contra a Rússia

Admitindo que o comportamento da economia russa está num plano muito superior ao esperado, as sete maiores economias do mundo querem reprimir a evasão às sanções já existentes.
23 Fevereiro 2023, 17h45

Os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais do Grupo dos Sete (G7) estão reunidos a partir desta quinta-feira, 23 de fevereiro, para discutirem novas medidas contra a Rússia, na tentativa de aumentarem a pressão para impor o fim da guerra na Ucrânia. Shunichi Suzuki, ministro das Finanças do Japão (país que este ano lidera a organização), disse que este é o tema central da agenda.

O Japão preside à reunião dos ministros e dos governadores que tem lugar na cidade indiana de Bengaluru. “O apoio à Ucrânia e as sanções contra a Rússia serão os principais tópicos de discussão”, disse Suzuki em conferência de imprensa. “Continuaremos a coordenar estreitamente entre o G7 e a comunidade internacional para aumentar o efeito das sanções para alcançar o objetivo final de levar a Rússia a retirar da Ucrânia”.

O grupo vai também debater a inflação, agravada pela guerra na Rússia, os preços de energia e do sector alimentar e o apoio às economias dos países emergentes – que enfrentam problemas de dívida cada vez mais difíceis de resolver.

O fracasso em lidar com a dívida dos mercados emergentes pode levar a uma crise financeira global, segundo nota daquele organismo. “Ao contribuir para as discussões sobre estes problemas, esperamos produzir resultados significativos que levarão a um crescimento global estável e sustentável”, disse Suzuki.

Cerca de 15% dos países de baixos rendimentos estão em “sofrimento por causa da dívida”, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI). Um recorde de 349 milhões de pessoas em 79 países enfrentam “insegurança alimentar aguda”.

Já durante os trabalhos, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que as sanções estão a prejudicar a Rússia. “A meu ver, as sanções afetaram negativamente a Rússia. Embora, de acordo com algumas medidas, a economia russa tenha resistido melhor do que inicialmente se esperava. A Rússia tem agora um défice orçamental significativo”, disse. Exatamente esta quinta-feira, ficou a saber-se que o défice de 2022 é da ordem dos 2,1% – muito longe do que era antecipado (mais de 11%) há alguns meses atrás.

Os controlos das exportações estão a tornar “extremamente difícil” para Moscovo reabastecer as tropas em termos de munições e de sobresselentes para reparar armas, nomeadamente os cerca de nove mil tanques destruídos na guerra, disse Yellen.

“Vemos que tudo isto levou a um êxodo de alguns dos cientistas e empresários mais qualificados da economia russa e a um êxodo de investimento estrangeiro. A Rússia está a reduzir as participações do seu fundo soberano, o teto de preço que impusemos ao petróleo russo está a reduzir as receitas”, acrescentou. Janet Yellen disse ainda que a economia global está “melhor” que o previsto há alguns meses.

O encontro do G-7 pode surgir um grande novo pacote de sanções, incluindo medidas para reprimir a evasão das sanções existentes. As sanções não foram decretadas pela ONU, pelo que não há, aos olhos do direito internacional, qualquer obrigação de os países componentes das Nações Unidas seguirem as diretrizes norte-americanas.

No final dos trabalhos haverá uma declaração final. Que já está a ser polémica: a Índia, anfitriã do encontro, absteve-se de condenar a invasão em sede de votação na ONU

Depois do encontro do G7 haverá um encontro do G20 – com os países dos dois grupos a coordenarem esforços no mesmo sentido. Em maio próximo terá lugar a cimeira anual de chefes de Estado e de governo do G7, que este ano terá lugar em Hiroshima. Antes disso, acontecerá um encontro de ministros das Relações Exteriores do G-20 (em Nova Délhi, Índia, a 1 e 2 de março), onde se espera a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov.

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