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Portugal deve triplicar vendas de carros ‘verdes’ em 2019

De 2017 para 2018,o mercado português de veículos elétricos mais do que duplicou. Para 2019, as marcas preveem que triplique. E dentro de três anosas vendas anuaisde carros ‘verdes’ deverão crescer cinco vezes. O que implicará um investimento acrescido em novos postos públicosde carregamentode baterias.
23 Março 2019, 10h00

É com os olhos postos no futuro que a mobilidade elétrica vai crescer. O aumento das vendas registado em 2018 – tal como o “disparo” constatado nos dois primeiros meses de 2019 -, pode ter impressionado os portugueses, mas não o setor automóvel, que considera que este é o futuro da mobilidade. De 1.640 veículos vendidos em 2017, o mercado português saltou para 4.073. A marca líder – a Nissan – prevê que em 2019 as vendas possam aproximar-se dos 12 mil veículos ‘verdes’.

A venda de veículos elétricos em Portugal começou em 2010, embora nessa altura a aderência tenha sido bastante escassa. No início da década apenas foram vendidos dez carros da Nissan, cinco da Smart e três da Mitsubishi, todos ligeiros de passageiros, sendo que os comerciais de passageiros apenas começaram a apresentar vendas em 2013.

Com mais de quatro mil veículos vendidos ao longo do ano passado, os especialistas do setor automóvel acreditam que este ano “se verifique o triplo de vendas de 2018”, de acordo com António Pereira Joaquim da Nissan, “sempre com uma forte tendência de crescimento para os próximos anos”. Explica que a nova tecnologia e-POWER da marca japonesa e o sucesso de vendas do Leaf vão ajudar a “quintuplicar as vendas até 2022”.

Jorge Magalhães, diretor de comunicação do grupo PSA, que engloba a Peugeot, a Citroën e a DS, a que se soma marca Opel, confidenciou ao Jornal_Económico que “a oferta vai aumentar com as novas gerações de veículos elétricos que estão a surgir, sendo que as autonomias também vão ser aumentadas, entre 340 e 350 quilómetros”. Por esta razão, o grupo PSA defende que as vendas vão acompanhar o lançamento dos novos elétricos, potenciando um crescimento exponencial.

“Atualmente, circulam em Portugal mais de nove mil veículos 100% elétricos”, referiu uma fonte do Ministério do Ambiente e da Transição Energética. Em conversa com o JE, a mesma fonte diz que “o Governo acredita que este crescimento se mantenha nos próximos anos”, apoiando as palavras das marcas que já deram os primeiros passos neste segmento. O Ministério do Ambiente assume que “existe uma grande pressão na rede piloto” dos postos de carregamento.

Quando se fala em melhorias na rede de carregamento, não faltam vozes a indicar o que é preciso. Para que este problema possa ser resolvido, Carlos Jesus, gerente da ZEEV, fala em “reservas de espaços” onde seria possível colocar os carros a carregar sem demoras ou ocupar um lugar durante horas, à semelhança do que acontece nos postos colocados nas ruas. António Pereira Joaquim diz que é “urgente fazer crescer a infraestrutura rápida”. Parece que o Governo ouviu o diretor de comunicação da Nissan, porque essa é a prioridade que foi definida.

O Estado português e empresas privadas estão a realizar investimentos superiores a um milhão de euros para facilitar o carregamento dos veículos movidos a eletricidade. O Ministério do Ambiente garante que “desde 2017 estão em curso dois projetos financiados por fundos comunitários, no valor de 4,8 milhões de euros, para substituir 100 postos normais por rápidos”. Este investimento vai servir, ainda, para a instalação de 202 postos rápidos em municípios que não estejam dotados com esta funcionalidade.

A rede Mobi.e, segundo o presidente Alexandre Videira, espera acabar a substituição dos 100 postos ao longo das próximas semanas, enquanto a expansão para todos os concelhos do país deve ficar pronta até ao fim deste ano. O presidente da empresa que permite a instalação destes postos referiu que cerca de 20% da rede, que começou a ser instalada em 2009, se apresenta obsoleta ou com avarias persistentes que não permitem o carregamento destes veículos. Ainda assim, este valor vai diminuir substancialmente, uma vez que a Mobi.e está a proceder à substituição destes equipamentos.

A Nissan, líder de vendas de elétricos no mercado português, é um dos investidores privados que se prepara para investir “dois milhões de euros em 100 carregadores rápidos, de forma a dotar os seus clientes com este tipo de equipamentos em Portugal”, afirmou a marca.

Atualmente, em Portugal existem 612 postos de carregamento, que contam com 1.531 tomadas em funcionamento. Apesar de ser um número elevado, a infraestrutura continua a ser insuficiente para o número de carros que se encontram em circulação. José Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, confirmou publicamente que a 1 de abril o carregamento de veículos elétricos vai ser liberalizado para que estes possam ser instalados em grandes superfícies comerciais. Desta forma, “passam a existir condições para multiplicar os locais de carregamento”. Esta medida vem no seguimento do pagamento de carregadores rápidos, que começou a 1 de novembro de 2018, sendo que no final do presente ano o carregamento em postos ‘normais’ também vai começar a ser pago.

O Ministério do Ambiente confirmou ao Jornal Económico a abertura “de uma linha de apoio do Fundo Ambiental, ainda este mês, para financiar a instalação de pontos de carregamento rápido”. Esta ação é dirigida a operadores de postos de carregamento. Serão disponibilizados 1,5 milhões de euros que vão servir para apoiar, a fundo perdido até 50% (ou 15.000 euros), o custo dos carregadores rápidos. Assim, o ministério que tem apostado nesta energia estima que sejam apoiados 100 novos carregadores. Isto significa “quase triplicar a atual rede”, e visa acompanhar “o extraordinário crescimento das vendas de veículos elétricos no país”.

O Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR) comunicou dois avisos para a renovação das frotas com autocarros de elevada performance ambiental (gás natural e elétricos). Estes foram dirigidos a empresas que têm como missão o serviço público de transporte coletivo de passageiros, como a Carris.

No âmbito do primeiro aviso foi apoiada a compra de 516 autocarros, que perfez um investimento de 156 milhões de euros, comparticipado em 54 milhões pelo POSEUR.

“Quanto ao segundo aviso, foi solicitado o apoio à compra de 199 autocarros, com um investimento total estimado em cerca de 64 milhões de euros, e com um previsível apoio do POSEUR de 23 milhões de euros”, reforça a fonte do ministério, sublinhando que os valores são provisórios por as candidaturas ainda se encontrarem em análise.

Já estão em circulação diversos autocarros movidos a gás natural e a combustível fóssil. Os autocarros 100% elétricos da Carris deveriam ter sido entregues no fim de fevereiro.

Artigo publicado na edição nº1979 de 8 de março do Jornal Económico

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