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Moçambique: eleições de hoje marcadas pela violência

A convivência democrática não esteve presente ao longo da campanha eleitoral e ninguém consegue afirmar que o dia de hoje não siga esse roteiro. A FRELIMO deve manter o poder que se eterniza nas suas mãos desde a independência, em 1975.
15 Outubro 2019, 07h38

Violência de toda a ordem acompanha desde há semanas a campanha e a pré-campanha que culmina nas eleições desta terça-feira em Moçambique, com os cerca de 13,1 milhões de eleitores a escolherem de uma só vez o Presidente da República, 250 deputados do parlamento, dez governadores provinciais e respetivas assembleias.

Ao longo das últimas semanas, as forças policiais não foram capazes de conter os mais diversos surtos de violência, que sucederam tanto nas cidades como nas zonas menos urbanas. Uma das causas dessa violência deve-se à falta de sintonia entre os partidos que se apresentam às eleições. Grosseiramente, quase pode dizer-se que os partidos estão divididos entre a FRELIMO e todos os outros, que querem acabar com uma hegemonia política que não dá mostras de abrandamento desde as independência, em 1975.

Ainda ontem isso mesmo ficou mais uma vez provado, depois de os principais partidos da oposição (Renamo, MDM, Amussi e Ecologista) terem pedido aos seus eleitores que acampassem perto das mesas de voto para evitar fraudes, ao mesmo tempo que a Comissão Nacional de Eleições pedia para que todos os eleitores abandonassem as imediações das mesas de voto mal cumprissem o seu direito de voto.

“Desencorajamos a permanência dos eleitores depois de terem exercido o seu direito de voto dentro do perímetro da assembleia de voto, pois isso contraria o espírito e a letra da legislação eleitoral aprovada por consenso na Assembleia da República”, disse Abdul Carimo, presidente da CNE, citado por várias agências noticiosas.

A polícia está do lado da CNE: em conferência de imprensa, as forças da ordem apelaram aos moçambicanos para voltarem às suas residências após a votação, avisando que as autoridades vão recorrer a “todas as formas lícitas e proporcionais legalmente estabelecidas para rechaçar quaisquer atos ilícitos”. “É proibida, nos termos da lei, a permanecia de pessoas que já tenham votado nas assembleias de voto e a Polícia vai intervir nestes casos”, declarou o porta-voz do Comando Geral da Polícia moçambicana, Orlando Mudumane, citado pelas mesmas fontes. Não está por isso descartada, longe disso, a violência ao longo do dia de hoje – depois das mortes que sucederam ao longo dos últimos dias.

Quatro candidatos presidenciais e 26 partidos moçambicanos estão presentes nas eleições gerais, sufrágio que, pela primeira vez, não conta com o histórico opositor Afonso Dhlakama (falecido em maio do ano passado) e que inclui a eleição inédita de governadores.

Em termos da presidência, os candidatos são o atual Presidente da República, Filipe Nyusi, da FRELIMO; Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição; Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM),; e Mário Albino, do partido extraparlamentar Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI). Os analistas convergem para que a FRELIMO repita a vitória em todas as frentes – pelo menos na presidência e no Parlamento – como sucede desde sempre.

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