Augusto Santos Silva reafirmou o compromisso europeu e português com as autoridades moçambicanas, numa altura em que a situação em Cabo Delgado é “tão importante, tão urgente e tão complexa” que motivou uma reunião à porta fechada da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República.
Na sua audição na Comissão de Assuntos Europeus na manhã desta quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou que a “identificação feita pelas autoridades moçambicanas casa perfeitamente com as possibilidades de apoio q a UE pode oferecer” ao país, que se desenvolverão ao longo de três eixos de cooperação bilateral, nomeadamente “intervindo em sede de intervenção humanitária, em sede de cooperação para o desenvolvimento” e na formação de forças de segurança locais.
Questionado pelos deputados presentes na Comissão, Santos Silva reafirmou o apoio ao alto representante da UE para os negócios estrangeiros, Josep Borrell, depois da fracassada tentativa de influência junto de Moscovo para a libertação de Alexei Navalny.
O ministro manifestou-se “frontalmente contra essa tentativa indigna, numa altura em que a UE precisava de mostrar a sua força contra a Rússia”, referindo-se ao pedido de demissão por parte de alguns eurodeputados, sobretudo afetos ao Partido Popular Europeu (PPE), de Borrell. Para Santos Silva, destacou-se nesta visita “o nível de hostilidade da Rússia em relação à UE excessivo”, defendendo o ministro uma manutenção da posição europeia perante “o tipo de influência regional” e a “deriva autocrática” do Kremlin.
Também a situação no Médio Oriente mereceu alguns reparos. O chefe da diplomacia nacional reafirmou a disponibilidade portuguesa para “integrar o movimento da UE que permita reconhecer o estado palestiniano”, revelando que os líderes políticos de ambas as partes envolvidas compreendem a postura portuguesa e europeia.
“O que nos propomos, enquanto presidência da UE, a fazer são duas coisas que testei com as autoridades palestinianas e israelitas e que me parece terem caminho para andar: a convocação do Conselho de Associação da UE-Israel, que não se realiza há vários anos, e a transformação do acordo de associação com a Palestina, que neste momento é apenas provisório, num definitivo”, adiantou Santos Silva.
Quanto à Turquia, que tem levantado novas questões relativas ao seu relacionamento com a UE, o ministro português argumentou que é necessário compreender o posicionamento de Ancara nalguns tópicos que geram tensões com os parceiros europeus, nomeadamente a questão dos direitos de exploração das bolsas de gás natural no Mediterrâneo ou a compra de armamento à Rússia.
“Dificilmente será compreensível que um aliado militar como a Turquia faça compras de armamento a uma potência adversária à aliança”, resumiu.
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