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Montenegro em silêncio, Pedro Nuno quer estabilidade e Ventura ser líder da oposição

O Presidente da República ouviu os líderes dos três partidos mais votados nas eleições de domingo. Se Luís Montenegro optou por não falar, Pedro Nuno Santos, em jeito de despedida, deixou o desejo de que a “situação política” de Portugal se “estabilize rapidamente”. Já André Ventura, salientou que o Chega “é um partido responsável”, mas “deve ter um Governo alternativo pronto para governar a qualquer momento”.
Montenegro Marcelo
Estela Silva/Lusa
20 Maio 2025, 19h37

Pedro Nuno Santos, que decidiu abandonar a liderança do PS depois da derrota nas eleições de domingo, assinalou à saída da audiência com o Presidente da República desejar que a “situação política” de Portugal se “estabilize rapidamente” para que o país “possa fazer o seu caminho, superando os problemas que ainda temos”.

Acompanhado pelo presidente do PS, que o vai substituir interinamente como secretário-geral do PS até o partido escolher o novo líder, e pela líder da Juventude Socialista, Pedro Nuno Santos esteve apenas 20 minutos no encontro com Marcelo e, à saída, não quis responder às perguntas dos jornalistas, sinalizando apenas que a audiência com o chefe de Estado foi “uma boa reunião” e que o partido que liderou durante o último ano e meio preza “muito” a relação institucional que tem mantido com o Presidente da República.

Sobre a governabilidade, repetiu apenas que é seu desejo “que o país tenha a sua situação política clarificada para resolver os problemas dos portugueses”.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta terça-feira a ouvir os três partidos mais votados nas eleições de domingo, tendo começado por receber a delegação do PSD, liderada por Luís Montenegro, que, à saída, não quis falar aos jornalistas. O último partido recebido pelo Presidente da República foi o Chega. O encontro estava marcado para as 17h00, mas a comitiva liderada por André Ventura chegou a Belém com 20 minutos de atraso.

À saída desse encontro com o Presidente da República, declarou que, a confirmar-se o segundo lugar do Chega nas eleições legislativas, essa será a prova de que os portugueses o escolheram para o papel de líder da oposição ao governo. Além disso, sublinhou que o partido se posicionará como um “farol de estabilidade” e não permitirá que o país enfrente uma nova crise.

Fez questão de frisar que lembrou ao Presidente da República qual a expectativa em relação aos resultados finais das eleições, uma vez que ainda faltam apurar os votos dos emigrantes, sublinhando, contudo, que “ao que tudo indica que será o Chega, mas a confirmação só deverá acontecer a 28 de maio”. Uma situação que, nas palavras de Ventura, “irá alterar o panorama político”.

De seguida, salientou as questões que considera importantes para o Chega, como “a luta contra a corrupção, assim como a resistência à política de portas abertas, à imigração descontrolada e à dependência de subsídios”. Estes “são pilares fundamentais que nos diferenciam dos dois grandes partidos”, acrescentou. O Chega “sempre se apresentou como um partido responsável; o país não precisa de mais eleições, mas sim de um rumo claro, de ordem e de um combate eficaz à corrupção, oferecendo condições a quem trabalha”, sustentou Ventura, reforçando a intenção de que o partido se posicione como “um farol de mudança e estabilidade, mantendo-se sempre aberto ao diálogo e a propostas que beneficiem o povo português”.

Sobre o quadro governativo, não quis detalhar, “pois ao Chega foi atribuído o papel de líder da oposição, devendo portanto funcionar como uma alternativa ao governo e exercer o devido escrutínio”. Reafirmou, todavia, que “o Chega deve preparar-se para ser a oposição e estar pronto para governar, caso seja escolhido pelos portugueses em futuras eleições”. Lembrando que “a AD decidiu governar em conjunto com o PS em questões como a segurança”, prometeu não deixar que “o país enfrente uma nova crise”. “O Chega nunca será um entrave”, finalizou o líder do Chega após reunião de quase meia hora com o Presidente da República.

Na segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa, que cedo avisou só dar posse a um governo se tivesse a garantia que não caía na primeira oportunidade, considerou que “à primeira vista” há condições para garantir estabilidade. “Eu só posso saber depois de ouvir os partidos, mas à primeira vista não há razões para considerar que eles não queiram colaborar na governabilidade”. “Porque o mundo está como está, a Europa está como está e, portanto, é do interesse português que haja um esforço de todos no sentido da governabilidade”, argumentou.

Com Pedro Nuno Santos a sair de cena, cresce no PS a ideia de que é preciso viabilizar o governo da AD. Disse-o, por exemplo, Fernando Medina, antigo ministro das Finanças e um nome que tem sido apontado como possível candidato à liderança do partido. Mas também alguns membros do secretariado do PS, conforme dá conta o jornal Público. Ao Jornal Económico, Vitalino Canas, antigo governante socialista, defendeu que o PS deve “agir de acordo com o seu código genético histórico” e viabilizar o governo da AD, assegurando estabilidade durante um período de tempo “razoável”.

Quem já se posicionou como candidato a secretário-geral nas eleições internas – que serão marcadas no próximo sábado na reunião da comissão política – é o antigo ministro da Administração Interna José Luís Carneiro, depois de há ano e meio ter perdido a liderança para Pedro Nuno. A partir de sábado, será Carlos César a ocupar interinamente o ‘vazio’ deixado pela saída do secretário-geral.

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