Num almoço do International Club of Portugal, que juntou ontem, em Lisboa, destacadas figuras do PSD, Luís Montenegro defendeu que as regras do sistema político português devem ser alteradas para que permitam aos eleitores fazer, no futuro, “a escolha da liderança” governativa.
Luís Montenegro defendeu que o sistema político português – que elege deputados e não diretamente o Governo – deve ser mais próximo dos eleitores, dando como exemplo o modelo grego, que deu um bónus de 50 deputados ao Syrisa, partido vencedor das últimas eleições na Grécia. “Assim como o BE, o PS e o PCP enalteceram o pulsar do povo grego, podíamos aplicar no nosso país essa mesma visão”, afirmou durante o almoço-debate, no qual foi orador convidado.
Montenegro, que começou por garantir que não está “ressabiado” nem com “azia” e que está a “olhar para a frente” e não para as últimas eleições legislativas, defendeu que as regras do sistema político devem ser alteradas para diminuir “o fosso” entre os eleitos e os eleitores, de forma a garantir que as eleições legislativas assegurem uma escolha da liderança governativa e do caminho a seguir.
“Por que não pensam num modelo igual ao da Grécia?”, questionou o líder parlamentar do PSD, dirigindo a pergunta aos partidos da esquerda. “Deviam aplicar essa visão no nosso país”, acrescentou Luís Montenegro, que disse ter falado em nome pessoal.`.
“Não estou a defender que depois não haja coligações, mas na base e não um arranjo de ocasião”, sublinhou o líder parlamentar.
Durante a sua intervenção e perante uma assistência de cerca de 200 pessoas, Luís Montenegro falou sobre a União Europeia, defendeu um Estado mais “enxuto” e a redução da carga fiscal.
“O Estado tem de ter uma intervenção forte, mas o privado somos nós, os cidadãos, as instituições, somos nós”, frisou o social-democrata, que recusou ser um “perigoso liberal”.
Criticando o peso dos impostos em Portugal, Luís Montenegro voltou a defender a redução dos escalões do IVA, de três para dois. E citou dados da OCDE, segundo os quais os portugueses levam para casa 59% do seu salário bruto. “Ou seja, 41% é entregue ao Estado, mais os impostos indiretos”, disse o deputado.
“Tem de haver limites”, acrescentou Montenegro, afirmando que uma família com 40 mil euros de rendimento anual paga 40% desse valor em impostos. “São cerca de mil euros por mês, não estamos a falar de gente rica”, sublinhou.
Miguel Relvas: “Já fechei o meu ciclo na vida política”
Miguel Relvas, antigo dirigente do PSD e braço direito do ex-primeiro ministro Passos Coelho, foi um dos presentes no almoço, sentado à mesma mesa de Luís Montenegro. No final do encontro, falou aos jornalistas e recusou estar de volta à vida política. “Já fechei o meu ciclo na vida política”, disse.
Questionado se vê Luis Montenegro como futuro líder do PSD, Miguel Relvas começou por dizer que a pergunta deverá ser feita ao próprio, mas acrescentou que o líder parlamentar “é incontestavelmente um dos rostos do futuro do PSD.”
Além de Miguel Relvas, estiveram presentes no almoço o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, o líder da distrital de Lisboa, Miguel Pinto Luz, e o líder do PSD do Porto, António Bragança Fernandes, além de vários deputados. Também Mira Amaral, economista e ex-ministro de Cavaco Silva, marcou presença. l
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