Marcelo Rebelo de Sousa traçou um perfil do novo primeiro-ministro português, considerando que “vai virar um político do silêncio”, que vai fazer a “gestão do silêncio”.
Luís Montenegro “acredita que é um erro falar, prefere o silêncio. Por isso, vai virar um político do silêncio”, disse o Presidente da República num jantar com correspondentes estrangeiros na terça-feira em Lisboa. Há, também, o efeito surpresa. Quando esperam que ele faça algo, faz uma coisa diferente, ou no time ou na ideia”.
“É muito, muito, muito sigiloso”, continuou e deu o exemplo da nomeação do Governo: “Ele formou um Governo de forma impensável. Só começou a convidar os ministros na manhã do dia de me entregar a lista, um risco. E foi tão sigiloso, que nenhum deles sabia do outro. Só foram se encontrar no dia da posse”.
“Ele é um grande orador, mas é um político à moda antiga, não é um político ao estilo do ex-primeiro-ministro António Costa e muito menos ao estilo dos partidos populistas. Vamos ver se conseguirá controlar o tempo, compatibilizá-lo com o Governo, em meio à polarização”, afirmou, citado pelo “Correio Braziliense”.
“Ele é uma pessoa que vem de um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais. É muito curioso, difícil de entender, precisamente por causa disso. Agora, é completamente independente, não influenciável e improvisador”, acrescentou.
Numa comparação com o anterior primeiro-ministro, “António Costa era lento, por ser oriental. Montenegro não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado. Me faz lembrar o antigo PSD, que era isso. O PS era Lisboa, a grande Lisboa, as áreas metropolitanas, e o PSD era o resto do país, sobretudo o Norte e o Centro-Norte”.
“Todos os dias, tenho surpresas, porque ele é imaginativo e tem um lógica de raciocínio como sendo de um país tradicional. É estimulante, mas, para mim, dá muito trabalho”, afirmou, citado pelo jornal brasileiro que conta com o correspondente Vicente Nunes em Lisboa.
Sobre a escolha do comentador Sebastião Bugalho, quando todos esperavam que fosse o autarca do Porto Rui Moreira: “Foi totalmente uma improvisação, um segredo até o fim”, disse o Presidente.
No mesmo jantar, Marcelo Rebelo de Sousa também anunciou que cortou relações com o seu filho Nuno, devido à polémica com o caso das gémeas luso-brasileiras no hospital Santa Maria.
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