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Mortágua atira a Centeno: “É um erro deixar o Banco de Portugal governar no Terreiro do Paço”

Com a discussão na especialidade à porta, a deputada do Bloco de Esquerda responde a argumentos do Governador do Banco de Portugal e diz resposta à crise pelas “margens” é uma “receita para o desastre”.
Cristina Bernardo
17 Novembro 2020, 12h12

Mário Centeno deixou ontem avisos à navegação, numa altura em que a esquerda ainda procura conquistas para o Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), e Mariana Mortágua não deixou passar incólume a mensagem do atual governador do Banco de Portugal (BdP), que foi interpretada como uma pressão para as negociações na especialidade.

“É um erro deixar o Banco de Portugal governar no Terreiro do Paço”, escreveu a deputada do Bloco de Esquerda, numa publicação no Twitter, na qual acrescenta que “quando a crise está no centro da vida coletiva, na saúde e da economia, responder pelas “margens”, como defende Centeno, é receita para o desastre. Os remendos do Governo não salvam o SNS e o emprego”.

Esta segunda-feira, Mário Centeno defendeu que os apoios públicos implementados na resposta à crise provocada pela pandemia não devem perder o seu carácter excecional, num contexto no qual as políticas públicas devem atuar na margem, promovendo a criação de emprego através do incentivo para novas contratações. “Mais do que nunca a novas políticas devem atura na margem”, disse o responsável pelo regulador bancário, durante a 10.ª Conferência do Banco de Portugal.

O ex-ministro das Finanças vincou que os “apoios devem ser focados”, sendo de “evitar apoiar projetos empresariais inviáveis”, mas sim “apoiar trabalhadores com maiores dificuldades de integração no mercado pós-pandémico” e defende a não alteração estrutural dos apoios sociais, dado que “alterações permanentes irão distorcer os mecanismos de apoio à retoma da atividade” e tornar “mais difíceis de adaptar no futuro”, correndo “o risco e de não responderem à crise que temos em mãos”.

Num artigo de opinião publicado esta terça-feira no “Jornal de Notícias“, a parlamentar bloquista acusa Centeno de “com palavras diferentes e de forma mitigada” ter no seu argumento “a mesmíssima matriz ideológica que, no passado, sustentou as políticas de austeridade e as “reformas estruturais” que castigaram o país”.

“Mário Centeno conforma-se com o pior cenário. E tudo em nome de uma preocupação – o aumento da dívida pública. Ora, a realidade já provou que a dívida é caprichosa e ingrata, que se alimenta do desemprego e da recessão. Políticas débeis, como aquelas sugeridas por Centeno, não conseguirão evitar essa deriva”, acrescenta.

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