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Motoristas de matérias perigosas desconvocam greve ao sétimo dia mas deixam ameaças 

O sindicato admite nova paralisação a horas extraordinárias, fins de semana e feriados caso a associação patronal se mostrar “intransigente” na reunião de amanhã.
  • Mário Cruz/Lusa
19 Agosto 2019, 07h48

Sete dias consecutivos com mais de 400 postos de abastecimento no país sem combustível, reuniões, acusações, uma requisição civil, um plenário e um sindicato isolado na greve que convocou. Os motoristas de matérias perigosas estiveram este domingo cerca de três horas reunidos em plenário, acabando por cancelar a paralisação que havia começado há exatamente uma semana.

O fim da crise energética ainda não foi declarado – o primeiro-ministro dirige-se esta manhã à ENSE para fazer o ponto de situação –, mas os vencedores e vencidos foram logo conhecidos. Não foi necessária uma hora para que os comentadores Luís Marques Mendes e Paulo Portas apelidassem de “derrotado” o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e atribuíssem o galardão ao Governo, por se ter mostrado mais maduro face à greve de abril e por ter calendarizado os serviços mínimos atempadamente.

Longe de declarar paz social, o SNMMP vai voltar amanhã à mesa de negociações e não descarta uma nova paralisação a horas extraordinárias, fins de semana e feriados caso a associação patronal se mostre “intransigente”. A ameaça não mereceu a preocupação da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que não duvida que as partes chegarão a um consenso nos próximos dois dias, de acordo com as declarações do porta-voz, André Matias de Almeida, à “TVI”.

Na moção aprovada em plenário, o SNMMP apontou o dedo à Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) e ao Governo, considerando que a Antram “não alterou substancialmente a sua posição intransigente” e que o Executivo “tentou restringir e eliminar o direito à greve dos motoristas e, consequentemente, dos portugueses”.

À saída do encontro, o dirigente sindical, Francisco São Bento, explicou aos jornalistas que o SNMMP “nunca esteve interessado em prejudicar os portugueses” e que os motoristas de matérias perigosas têm direito a lutar por condições de trabalho dignas. Contudo, o SNMMP evidenciou aí uma posição contraditória tendo em conta que havia convocado a greve com o objetivo de “parar o país”.

A greve teve ainda como intuito reivindicar à associação patronal o cumprimento do acordo assinado em maio, que estabelece uma progressão salarial. Os motoristas querem subidas graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que, com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.

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