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Mpox: O que já sabe sobre o mais recente surto?

A monkeypox (Mpox) tem-se alastrado pelo mundo. O mais recente surto foi detetado no continente africano e já existem casos confirmados noutros países. Organização Mundial de Saúde declarou surto como uma emergência de saúde global.
Mpox
Science Photo Library
16 Agosto 2024, 10h55

A Monkeypox (Mpox) tem-se alastrado pelo mundo. O mais recente surto foi detetado no continente africano e já existem casos confirmados na Suécia e no Paquistão. A China já anunciou medidas de maior controlo à entrada do país devido a este surto da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já declarou o surto como uma emergência de saúde global, na passada quarta-feira.

O que disse a OMS?

Na passada quarta-feira o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, determinou que o surgimento da Mpox no Congo, e num crescente número de países, em África, constitui uma emergência de saúde global que levanta “preocupações internacionais”.

A OMS considerou que os mais recentes casos de Mpox tinham o “potencial de se espalhar” para vários países do continente africano e até para fora do continente.

Já na quarta-feira a OMS mostrava um “nível elevado de preocupação” com o alastrar de casos de Mpox em vários países africanos e considerou que é necessária uma “resposta coordenada internacional” para travar estes casos e salvar vidas.

Como surgiu a Mpox?

De acordo com a OMS a Mpox é causada por um Orthopoxvirus. A organização explica que a Mpox foi detetada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo. “A doença é considerada endêmica em países da África central e ocidental”, referiu a organização.

Quantos casos já foram detetados?

Pelas contas da OMS, da passada quarta-feira, já existiam este ano mais casos reportados em relação ao ano passado. Estão contabilizados mais de 15.600 casos e 537 mortes.

Em que países já foram detetados casos?

Desde o mês passado já foram detetados casos no Congo, Burundi, Quénia, Ruanda, Uganda, Paquistão, Suécia.

O Paquistão confirmou, esta sexta-feira, um caso de Mpox de um paciente que regressou de um país do golfo. Na passada quinta-feira foi confirmado um caso, na Suécia, com uma nova estirpe de Mpox ligada ao número crescente de casos detetados no continente africano.

A Reuters referiu que no Congo já existem duas estirpes de Mpox .

Que tipo de resposta tem dado a OMS?

A OMS já tomou várias medidas para tentar conter os casos de Mpox.

A organização salientou que na semana passada iniciou o processo de listagem de uso de emergência de vacinas para a Mpox o que deve permitir “acelerar” o acesso à vacina para países com baixos rendimentos, e vai permitir que entidades como o Gavi e a UNICEF adquirem vacinas para distribuição.

A OMS confirmou que está a trabalhar com países e fabricantes de vacinas em possíveis doações de vacinas, e que está a coordenar, com parceiros, no sentido de existir um acesso equitativo a vacinas, terapêuticas, diagnósticos e outras ferramentas.

A organização calcula que haja uma necessidade imediata de financiamento de 15 milhões de dólares para apoio a atividade de vigilância, preparação e resposta. De modo a permitir uma resposta mais rápida a OMS libertou 1,45 milhões de euros do seu fundo de contingência de emergência.

O que fez a China?

A China anunciou o reforço das suas medidas de segurança com o intuito de prevenir a transmissão de Mpox. Para isso o país disse que vai monitorizar pessoas e bens, que entrem no país, nos próximos seis meses.

As entidades chinesas anunciaram, citadas pela Reuters, que pessoas que venham de países onde já tinham sido detetados casos de Mpox, ou que tenham estado em contacto com casos de Mpox, ou que apresentem sintomas da doença, devem declarar essa situação junto das entidades alfandegárias.

A Reuters acrescenta também que a China, desde o ano passado, está a tratar a Mpox como uma doença infeciosa de categoria B, o que permite que as autoridades tomem medidas de emergência como por exemplo a restrição de reuniões, suspensão do trabalho e atividades escolares, ou isolar áreas onde existir um surto da doença. Na categoria B estão também doenças como a Covid-19, a sida, e a síndrome respiratória aguda (SARS).

O que é a monkeypox?

“A infeção por vírus Monkeypox (VMPX) é uma doença zoonótica, o que significa que se pode transmitir de animais para humanos. Também se pode transmitir pessoa-a-pessoa. O termo “varíola dos macacos” não se refere à infeção humana, mas sim à infeção nos animais. De referir que não se trata de varíola, doença humana que foi erradicada em 1980″, explica o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Quais os sintomas?

O SNS refere que a infeção humana por vírus Monkeypox apresenta-se de “início súbito” com o aparecimento de pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas: “exantema (lesões na pele ou mucosas); queixas anogenitais (incluindo úlceras); febre (superior a 38 graus); dores de cabeça; cansaço; dores musculares; gânglios linfáticos aumentados, poucos dias antes da erupção ou em simultâneo”

É ainda dito pelo SNS que “as lesões na pele ou mucosas (começam por ser manchas planas (máculas), depois com relevo (pápulas), tornam-se vesículas com conteúdo líquido, pústulas geralmente umbilicadas e, finalmente, formam-se úlceras e crostas que acabam por cair)”.

Quanto tempo podem durar os sintomas?

Os sinais e sintomas podem durar, geralmente, entre duas a quatro semanas “e desaparecem por si só, sem tratamento”, diz o SNS.

Como é que o vírus se transmite de pessoa para pessoa?

O SNS refere que a transmissão humana pode ocorrer através de pele não íntegra (pequenas abrasões da pele e das mucosas) e das mucosas ocular, nasal, oral, genital e anal. O SNS esclarece que a transmissão pessoa-a-pessoa geralmente verifica-se por contacto: “próximo, especialmente face-a-face sem proteção adequada, e no contexto de relações que impliquem contacto íntimo e prolongado; com objetos contaminados por uma pessoa infetada – fómites, ou seja, um objeto ou material que possa alojar um agente infecioso e permitir a sua transmissão (vestuário, roupas de cama, atoalhados, materiais, utensílios e objetos de uso pessoal, entre outros); direto sem proteção adequada com lesões da pele, pus, crostas e contacto direto ou indireto com fluidos corporais infeciosos”.

O que é considerado um caso suspeito de infeção?

O SNS diz que é considerado um caso suspeito de infeção todos os que apresentarem as seguintes condições: “Uma pessoa que seja contacto, nos últimos 21 dias antes do início dos sintomas, de um caso provável ou confirmado de infeção pelo vírus e que apresente um ou mais dos seguintes sinais/sintomas: febre de início súbito (igual ou superior a 38 graus), fraqueza (astenia), dor muscular (mialgia), dor de costas (dorsalgia), dor de cabeça (cefaleia).

ou alguém que apresente: “erupções cutâneas vermelhas (exantema macular, papular, vesicular ou pustular generalizado ou localizado) e/ou queixas anogenitais (incluindo úlceras), de início súbito, desde 1 de janeiro de 2022, não explicadas por outros diagnósticos diferenciais”

E “podendo existir em conjunto com um ou mais dos seguintes sinais/sintomas: febre de início súbito (≥38,0ºC), fraqueza (astenia), dor muscular (mialgia), dor de costas (dorsalgia), dor de cabeça (cefaleia), gânglios linfáticos aumentados (adenomegalia)”.

O que deve fazer se for caso suspeito, provável ou confirmado?

De acordo com o SNS perante um caso suspeito, provável ou confirmado, é emitido o certificado de incapacidade temporária (CIT) para o trabalho pelo médico. O SNS recomenda que tome as seguintes medidas: “isolamento domiciliário e distanciamento físico até à resolução das lesões (queda das crostas) ou exclusão da infeção (se caso suspeito ou provável); evitar contactos físicos próximos (coabitantes e familiares próximos), pele-com-pele ou pele com mucosa, incluindo contactos sexuais, até resolução das lesões (queda das crostas); privar-se de permanecer no mesmo espaço se coabitar com crianças pequenas, grávidas e pessoas imunodeprimidas.

Entre as recomendações do SNS estão também: “lavagem e/ou higienização frequente das mãos; não partilhar objetos e utensílios de uso pessoal, vestuário, roupas de cama, atoalhados (e outros têxteis) e superfícies do espaço doméstico; lavar o vestuário e têxteis com água quente e detergentes habituais, ou, quando possível, numa máquina de lavar (superior a 60 graus), utilizando um ciclo de lavagem prolongado; limpar as superfícies duras com detergentes com cloro e deixar secar ao ar”.

O SNS recomenda também: “alertar as pessoas que foram seus contactos próximos desde o início dos sintomas, para possíveis sinais e sintomas. Na eventualidade de os contactos desenvolverem sintomas, devem observar as precauções acima recomendadas e procurar cuidados de saúde, nomeadamente através do SNS 24 – 808242424; evitar contacto próximo com animais domésticos e outros animais, em especial, roedores; se precisar de se deslocar a uma unidade de saúde, o doente deverá utilizar máscara facial e cobrir as lesões, o mais possível, com vestuário; as medidas de isolamento de caso suspeito ou confirmado devem ser mantidas até queda das crostas de todas as lesões, que se estima ocorrer entre duas a quatro semanas”.

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