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Nações Unidas criam instrumento financeiro para desbloquear verbas para os oceanos

O One Ocean Finance vai permitir governos e indústrias do oceano, entre outros organismos. A ONU previa um investimento de 153,5 mil milhões de euros em sustentabilidade dos oceanos, entre 2015 e 2019. Porém, o valor não foi além dos 8,8 mil milhões.
8 Junho 2025, 17h23

Um conjunto de agências das Nações Unidas e vários parceiros apelou hoje a novos investimentos nos oceanos, através do recém-criado One Ocean Finance, para desbloquear verbas destinadas à economia azul.

“Este processo de colaboração reunirá governos, instituições financeiras, indústrias do oceano, as Nações Unidas e a sociedade civil para moldar coletivamente um novo futuro financeiro para o oceano”, afirmou a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, no final do Fórum Financeiro da Economia Azul, que se realizou no Mónaco nas vésperas da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Oceano.

Segundo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovados pela ONU, deveriam ter sido investidos 175 mil milhões de dólares (153,5 mil milhões de euros) na sustentabilidade dos oceanos entre 2015 e 2019, mas o volume total foi de apenas 10 mil milhões (8,8 mil milhões de euros).

“Através do desenvolvimento do One Ocean Finance, o nosso objetivo é abordar décadas de subinvestimento crónico, consolidar esforços fragmentados e conceber um sistema que seja equitativo, ágil e que responda às necessidades das comunidades costeiras e dos ecossistemas marinhos”, referiu Inger Andersen, citada numa nota hoje divulgada.

A One Ocean Finance “procura mobilizar novas e diversas fontes de capital, especialmente de setores ligados ao oceano, e implementá-las através de instrumentos financeiros combinados que podem reduzir o risco de inovação e desbloquear o investimento privado”, refere a ONU, salientando que existirão garantias para projetos privados de sustentabilidade.

O projeto está também focado em investimentos na “resiliência costeira, especialmente para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos”.

Segundo o administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Achim Steiner, o oceano define o “clima, alimenta milhares de milhões de pessoas e impulsiona o comércio global, mas é subvalorizado, subfinanciado e sobre-explorado”.

Por isso, referiu, é necessário “redesenhar o financiamento dos oceanos – baseado na equidade, orientado pela ciência e impulsionado pelo potencial das indústrias dependentes dos oceanos”.

Quando estiver operacional, o mecanismo “irá obter a maior parte do seu capital das indústrias dependentes dos oceanos – como a navegação, o turismo, os portos, os cabos marítimos e os seguros – através de mecanismos como taxas de utilização, taxas de solidariedade, pagamentos de serviços ecossistémicos e modelos de preços dinâmicos”.

“As indústrias dependentes do oceano devem fazer parte da solução”, salientou Sanda Ojiambo, responsável do Pacto Global das Nações Unidas.

“O One Ocean Finance apresenta uma oportunidade de construir parcerias público-privadas mais fortes que aceleram as transições sustentáveis, dissociam o crescimento da degradação, alinham as práticas de negócios com a administração do oceano e desbloqueiam investimentos triplamente vencedores, para indústrias resilientes, comunidades costeiras prósperas e um oceano saudável”, concluiu o responsável.

O Fórum Financeiro da Economia Azul ocorreu entre sábado e hoje. A Conferência da ONU sobre o Oceano arranca na segunda-feira.

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