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“Não aceitam o nosso arroz”: Trump ameaça Japão com novas taxas alfandegárias

Trump tem procurado aumentar a pressão sobre parceiros internacionais antes da data-limite, ameaçando interromper as negociações e impor unilateralmente tarifas alfandegárias.
epa12190386 US President Donald Trump delivers an address to the nation following US strikes on Iran’s nuclear facilities, at the White House in Washington, DC, USA, 21 June 2025. EPA/Carlos Barria / POOL
1 Julho 2025, 08h15

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou na segunda-feira impor novas tarifas sobre o Japão, enquanto a Casa Branca sinalizou que pretende concluir acordos comerciais com vários parceiros após o feriado de 04 de julho.

A mais recente investida de Trump contra Tóquio surge a pouco mais de uma semana do prazo de 9 de julho, data em que expira a suspensão de tarifas mais elevadas sobre dezenas de parceiros comerciais, incluindo o Japão. Trump acusou o país de se recusar a aceitar exportações de arroz norte-americano.

“Eles não aceitam o nosso ARROZ, e, no entanto, enfrentam uma escassez enorme de arroz”, escreveu o chefe de Estado na sua rede social, Truth Social. “Por outras palavras, vamos enviar-lhes uma carta. E adoramos tê-los como parceiro comercial ao longo de muitos anos”, acrescentou.

Trump tem procurado aumentar a pressão sobre parceiros internacionais antes da data-limite, ameaçando interromper as negociações e impor unilateralmente tarifas alfandegárias.

O Presidente suspendeu essas medidas em abril, concedendo um prazo de 90 dias para concluir acordos. Desde então, apenas foram anunciados dois entendimentos gerais, com o Reino Unido e a China.

O diretor do Conselho Económico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou também na segunda-feira que vários acordos poderão ser anunciados após o Dia da Independência. “Talvez as pessoas tirem uma hora ou duas no dia 04 para ver os fogos-de-artifício e depois voltamos ao trabalho. Vamos começar a anunciar os enquadramentos [dos acordos]”, disse ao canal de televisão Fox Business.

Segundo o responsável, a prioridade é a aprovação do pacote fiscal e orçamental da Administração Trump no Congresso.

Hassett sublinhou que, apesar das declarações do Presidente, as conversações com Tóquio vão continuar. “Nada está encerrado. Sei o que ele publicou, mas continuarão as discussões até ao fim”, afirmou.

As bolsas de Tóquio reagiram negativamente, com o índice Topix a cair até 0,7% na abertura dos mercados.

A escassez de arroz, citada por Trump, tem aumentado o descontentamento social no Japão, num contexto de crise do custo de vida. Os preços duplicaram no último ano, o que levou o Governo japonês a libertar reservas de emergência e a contornar os canais convencionais de distribuição.

Embora a medida tenha atenuado a insatisfação popular, causou fricções com o setor agrícola – um tradicional pilar eleitoral do partido no poder. A eventual entrada de arroz norte-americano poderá aliviar o mercado, mas poderá também ser percebida como uma cedência eleitoralmente sensível, a menos de três semanas das eleições para a câmara alta do Parlamento nipónico, marcadas para 20 de julho.

Não é a primeira vez que a Administração Trump acusa o Japão de protecionismo. Em março, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Tóquio impõe tarifas de até 700% sobre o arroz importado – uma alegação desmentida pelo Governo japonês.

O Japão é um dos mais importantes parceiros comerciais dos Estados Unidos, e por isso consta na lista de países que a Administração Trump considera elegíveis para negociações.

O secretário do Comércio, Howard Lutnick, afirmou na semana passada que o Governo norte-americano deverá concluir acordos com cerca de dez dos principais parceiros comerciais norte-americanos, enquanto os restantes receberão notificações formais com as novas tarifas.

As negociações entre Washington e Tóquio prolongam-se há vários meses, sem resolução de questões-chave sobre tarifas e barreiras comerciais. O Japão tem insistido na retirada das tarifas de 25% impostas ao setor automóvel, argumentando prejudicam gravemente uma indústria crucial. Mas Trump tem rejeitado o pedido, alegando que o Japão importa muito poucos veículos produzidos nos EUA.

O país enfrenta ainda uma tarifa separada de 24% sobre todas as exportações para os Estados Unidos, valor que foi reduzido para 10% durante o período negocial.

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