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“Não conseguimos sensibilizar a ERSE. É uma questão de falta de visão do mercado”

O presidente da Mobi.E revela que está a explorar a entrada em novos mercados na América Latina, como o Brasil, Chile ou México. Defende mudanças nas regras para fomentar os carregamentos curtos e evitar plantões prolongados, adiantando que tem tentado “sensibilizar” o regulador para esta questão, mas sem sucesso. Até 2025, o objetivo é ter 15 mil pontos de carregamento em todo o país.
12 Abril 2024, 14h00

Longe vão os tempos em que a rede da Mobi.E não avançava, para desespero dos donos de veículos elétricos, e em que os atrasos eram tema recorrente na imprensa nacional. Na quinta-feira, o número de postos superava os 4.650 e o de pontos estava acima dos 8.250, num total de mais de 9.900 tomadas. Este ano já foram realizados mais de 1,3 milhões de carregamentos. A entidade gestora da rede nacional de carregamentos realiza no dia 19 de abril o evento Mobi.Connect em Lisboa, sob o mote “O Agora é Elétrico”, onde vai juntar o sector para discutir o futuro e os desafios da mobilidade elétrica, com foco no novo regulamento europeu (AFIR) que entra em vigor no sábado.

Em dezembro anunciaram um acordo com o grupo Vatia na Colômbia para ajudar no desenvolvimento da mobilidade elétrica. Como é que está a correr?
Normalmente, os países da América Latina são fortes produtores de energias verdes, portanto têm uma grande apetência para a transição energética e são grandes mercados onde está tudo por fazer. Isto dá-nos uma oportunidade única. Começámos a sondar diversos países na América Latina. Surgiu uma oportunidade com uma empresa da Colômbia, o grupo Vatia, que já se dedica à área da energia, mas quer crescer para a mobilidade elétrica. Estamos a terminar o contrato de consultoria para definir um plano de negócios de desenvolvimento deste grupo na Colômbia para a mobilidade elétrica, que será feito com a utilização da nossa plataforma. Com isto, provavelmente vamos dar origem a outros contratos que ainda dependem de negociação. Mas é uma forte perspetiva que temos de crescimento e queremos também levar connosco empresas portuguesas, porque temos excelentes empresas dedicadas a isto, nomeadamente fabricantes de pontos de carregamento que podem crescer também connosco, uma vez que já estão integrados com a nossa plataforma. Estive também no início deste ano no Brasil, em alguns ministérios em Brasília. Temos contactos também com outros países, como o Chile e o México. Por enquanto não saiu nada, mas tenho a certeza que nos próximos meses irão surgir mais novidades no campo internacional.

Porque é que sentiram necessidade de se internacionalizarem?
Sendo uma empresa, a Mobi.E tem também a necessidade de lutar pela sua sustentabilidade económica e financeira. E a nossa estrutura de receitas, por um lado, está ligada à atividade regulada, em que não podemos fixar as tarifas da atividade regulada; quem as fixa é a autoridade, a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos). Essas receitas não cobrem a 100% os custos que a Mobi.E tem na sua atividade corrente. Não dependemos do Orçamento de Estado (OE) já desde 2021 e tivemos que encontrar outras fontes de receita. Como? Através de investimentos em pequenos projetos-piloto, como fizemos com os hubs e os postos de carregamento ultra-rápido. Ou um novo projeto – Ruas Elétricas – em que, em parceria com municípios, vamos procurar dinamizar uma nova vertente do mercado que tem a ver com postos de carregamento lentos em zonas residenciais ou de serviços onde não haja prédios com garagem, orçado em dois milhões de euros. As receitas das concessões são outra vertente importante neste momento da nossa estrutura de negócio. A terceira vertente é desenvolver novos negócios e essa passa também pela internacionalização. Por exemplo, o Afir, que é o regulamento europeu, vem dar novos desafios à maior parte dos países da UE em termos de interoperabilidade de redes à informação em tempo real aos utilizadores. É uma oportunidade boa para nos afirmarmos, sobretudo com os nossos vizinhos espanhóis, uma vez que a nossa ligação terrestre à Europa passa por Espanha. Achamos que temos um valor acrescentado a dar e oferecer também serviços a empresas que já estejam a trabalhar nos dois países que possam dar aos seus clientes esta interoperabilidade, apoiando também a internacionalização dessas empresas.

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