O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, assegurou que o Governo não está embaraçado com as declarações do presidente do Brasil, Lula da Silva, relativamente ao comportamento da UE sobre a guerra na Ucrânia.
“Não é embaraço nenhum. Como é que nós podíamos estar embaraçados com as posições dos outros? Podíamos estar embaraçados com as nossas próprias posições, se elas o permitissem, mas as nossas posições são claras”, disse Gomes Cravinho.
O governante português referiu ainda que “o Brasil é um país soberano, desenvolve também as suas posições”. “Sabe-se que não são posições perfeitamente homogéneas com as portuguesas, mas isso não impede minimamente a que haja entre Portugal e o Brasil uma relação muito forte, de grande proximidade e que terá agora, com a visita do presidente Lula, uma nova oportunidade de intensificação”, destacou.
No sábado, o presidente brasileiro defendeu que “os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra” na Ucrânia e “a União Europeia deve começar a falar de paz”.
Partidos divididos com a vinda de Lula a Portugal
As declarações e a vinda de Lula a Portugal suscitaram várias reações dos partidos. No PSD, o presidente Luís Montenegro já desafiou o Governo a demarcar-se da posição brasileira em relação à guerra na Ucrânia.
Sobre a visita de Lula, Montenegro destacou que “existe uma ligação muito forte” entre os dois países. “Aqueles que não têm capacidade de ver isto não estão à altura de assumir cargos de responsabilidade na democracia portuguesa”, frisou.
Na Iniciativa Liberal, o presidente do partido, Rui Rocha, recorreu ao Twitter para divulgar a sua opinião. “A Assembleia da República que convidou Zelensky para discursar em 21 de abril de 2022 não pode receber um aliado de Putin como Lula no 25 de Abril. E o Presidente da República que atribuiu a Ordem da Liberdade a Zelensky não pode estar confortável com a presença de um aliado de Putin como Lula na Assembleia da República no 25 de Abril”, escreveu.
A AR que convidou Zelensky para discursar em 21 de Abril de 2022 não pode receber um aliado de Putin como Lula no 25 de Abril. E o Presidente da República que atribuiu a Ordem da Liberdade a Zelensky não pode estar confortável com a presença de um aliado de Putin como Lula na AR…
— Rui Rocha (@ruirochaliberal) April 16, 2023
Do lado do Chega, o líder André Ventura considerou “ultrajante” que PSD saúde visita de Lula a Portugal. “É ultrajante ver um partido que deveria liderar o centro-direita dizer que saúda a presença de Lula da Silva no dia 25 de Abril, em Portugal, no dia da conquista democrática”, disse Ventura.
À esquerda, o secretário-geral do PCP assegurou que Lula será “bem recebido” em Portugal. “É normal que haja uma sessão solene com um presidente de Estado. Quando fomos confrontados com essa questão, o que dissemos é que não seria positivo coincidir com a sessão solene do 25 de Abril e que seria melhor encontrar uma outra sessão para o efeito. O desfecho final foi esse e ainda bem que foi esse. Acho que é preferível e não diminui nem a sessão solene dedicada ao presidente Lula nem diminui a sessão solene dedicada ao 25 de Abril”, apontou Paulo Raimundo.
No CDS-PP, o líder Nuno Melo defendeu o cancelamento da cerimónia com Lula da Silva na Assembleia da República. “A ideia de liberdade, tal qual o CDS a configura, é incompatível com a posição do Presidente Lula da Silva. Neste momento, o Presidente Lula da Silva seria o pior representante do que se quer quando se celebra o 25 de Abril”, sublinhou Nuno Melo.
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