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“Não é preciso esperar até 2023 por um salário maior”, diz Ana Avoila

Ana Avoila falava na conferência de imprensa da Frente Comum Sindicato Trabalhadores da Administração Pública para a apresentação das reivindicações para 2020, nomeadamente os salários. A Frente Comum defende um aumento do salário mínimo para 850 euros.
28 Outubro 2019, 22h08

“Não é preciso esperar até 2023 por um salário [mínimo] maior”, disse a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, em conferência de imprensa, esta segunda-feira. A sindicalista reage assim à proposta do Governo de aumentar o salário mínimo para 750 euros até 2023.

Ana Avoila falava na conferência de imprensa da Frente Comum Sindicato Trabalhadores da Administração Pública para a apresentação das reivindicações para 2020, nomeadamente os salários.

A Frente Comum quer um “aumento mínimo” de 90 euros para todos os trabalhadores a partir de 1 de janeiro e mostrou-se convicta de que o programa do Governo não vai dar “descanso” à administração pública.

A sindicalista acrescenta que a Frente Comum reivindica um salário mínimo de 850 euros, ainda distante da proposta apresentada por António Costa no sábado.

O Governo tomou posse no sábado e o primeiro-ministro, António Costa, aproveitou o discurso para apresentar algumas ideias para a próxima legislatura, uma das quais a vontade de aumentar o salário mínimo para 750 euros até 2023. A meta, que vai ser apresentada esta semana aos parceiros sociais, coloca Portugal ainda abaixo da média da União Europeia.

O documento reivindicativo hoje divulgado, que inclui aumento do salário mínimo de 850 euros e a “reposição” dos 25 dias de férias, vai ser discutido pelos trabalhadores, em plenário, em 6 de novembro, dia em que será tomada “uma posição” sobre o programa do Governo, que foi apresentado no sábado.

“O objetivo é [o documento reivindicativo] ser entregue à nova ministra no dia 6 de novembro, dia de plenário de dirigentes, delegados e ativistas da Frente Comum”, precisou a líder sindical, explicando que, “em primeiro lugar”, o sindicato quer negociar o aumento de 90 euros a partir do próximo ano, ou três euros por dia.

Do documento reivindicativo constam também um aumento do salário mínimo para 850 euros, a reposição dos 25 dias de férias, o descongelamento efetivo das promoções e das progressões nas posições remuneratórias, a reposição do valor de horas extraordinárias e a reposição dos escalões de IRS de antes dos tempos da ‘troika’, entre outras reivindicações.

“Espero que o ministro Centeno não queira ser como o Salazar. Tenho muita pena de dizer isto, mas os trabalhadores da administração pública só levavam aumentos salariais de vez em quando. Nós não podemos voltar para trás e estar num espaço que nos lembramos sistematicamente (…) desse tempo em que não havia aumentos e, quando havia, eram só para alguns mais qualificados, exatamente o que este Governo quer fazer”, defendeu a sindicalista.

“Não estou a comparar ao Salazar”, salvaguardou, explicando que o que quis dizer é que, “por analogia, este Governo está num caminho que vai lá ter”, aos tempos Salazar.

“Com o programa de Governo [apresentado no sábado], não vai haver descanso na administração pública”, adiantou Ana Avoila, explicando que os sindicatos vão ainda decidir “que caminho de luta” vão tomar com os trabalhadores para fazer valer as suas reivindicações.

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