“Não existe simplificação e facilitação para Santarém como estão a fazer para Alcochete”, acusa autarca

O presidente da Câmara de Santarém mostrou ser contra a recomendação da Comissão Técnica Independente para a escolha do novo aeroporto de Lisboa. Para Ricardo Gonçalves, Alcochete não deveria ser considerado devido ao “ponto seis do relatório da NAV”, como referiu várias vezes na RTP3 esta quarta-feira.

“Santarém toca ligeiramente no espaço aéreo de Tancos. Alcochete está no meio do espaço aéreo restrito da base aérea do Montijo. Toca muito mais que a de Santarém, mas por causa dessa regra fomos excluídos”, apontou o autarca após ter sido conhecida a decisão da CTI.

“Para Santarém não existem pressupostos de simplificação e facilitação do que estão a fazer para Alcochete. Tem de se perguntar à CTI porque há medidas de facilitação para que a solução de Alcochete seja beneficiada com pressupostos de avaliação”, atirou Ricardo Gonçalves.

“Próximo de Alcochete há as áreas restritas do Montijo, Alverca e Vendas Novas. Mas isso não contou. Lembro que Tancos não é área restrita”, continuou.

Questionado sobre se ficar a 80km de distância da capital não foi um dos critérios de exclusão, o presidente da Câmara de Santarém adianta que esse fator “está mais relacionado com o tempo que se leva a percorrer as distâncias e não com as distâncias em si”.

Citando ainda o ponto seis do relatório, o autarca evidencia a “falta de dados concretos e precisos do que concerne os dados das pistas, dados fotográficos, que não permitiu uma avaliação exaustiva em conformidade com o estabelecido no regulamento vigente”.

Ricardo Gonçalves deixa mesmo uma acusação: “NAV diz que fez um documento de forma ligeira e não cumpriu todos os pressupostos”. “Alguém vai ter de explicar isto às pessoas de Santarém e Portugal. Há poucos pressupostos que também vimos que não estão em conformidade”.

O presidente da Câmara fala mesmo numa “avaliação tendenciosa”. “Alcochete vai ter um aeroporto maior que o de Frankfurt. Será faraónico, como Portugal gosta sempre de pensar”.

Ainda assim, o autarca deixou questões. “Quem paga esta nova solução? Quem paga a nova travessia e as ligações? Quem faz? Bate tudo certo no excel”, atirou na entrevista à “RTP3”.

O autarca admite ter esperado “muito mais desta Comissão Técnica Independente”, lamentando ter verificado “questões em que quiseram que Santarém fosse prejudicado”.