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“Não existem civilizações que sejam mais do que outras”, diz Marcelo na homenagem a Aristides de Sousa Mendes

O Chefe de Estado destacou que Aristides “serviu com coragem, extrema provação pessoal e familiar e exemplar humildade” na cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes.
19 Outubro 2021, 11h56

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que não existem “raças” ou até “civilizações que sejam umas mais do que outras” durante o seu discurso na cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes.

“Aqui entrou Aristides de Sousa Mendes [no panteão nacional] e aqui permanecerá até ao fim dos tempos, se os tempos tiverem fim”, afirmou Marcelo, acrescentando que “não há judeu, nem romano, nem outros mais, isto é não há raças, etnias, religiões, culturas, civilizações que sejam umas mais do que outras e que não mereçam todas e todos o mesmo respeito da dignidade da pessoa, da sua indestrutível natureza”.

O Chefe de Estado destacou que Aristides “serviu com coragem, extrema provação pessoal e familiar e exemplar humildade”. “Esses valores na sua mais notável expressão. Portugal curva-se perante a sua personalidade moral eternamente grato hoje e para sempre o recorda e homenageia”, completou.

A homenagem decorre 67 anos depois a morte do antigo diplomata de Portugal em Bordéus, França, que salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, durante a Segunda Guerra Mundial. Aristides de Sousa emitia vistos contra as ordens do Governo de António de Oliveira Salazar, tendo depois sido expulso da carreira diplomática.

Já o primeiro-ministro considerou a cerimónia de hoje “muito importante para os tempos que correm hoje também porque as perseguições não acabaram com a segunda guerra mundial”. “Nem a necessidade de assegurar proteção internacional terminou com aquele período. Infelizmente, a história tem-nos demonstrado aquilo com que Aristides de Sousa Mendes continua a ser uma realidade de hoje e por isso é importante que estes valores sejam lembrados”, acrescentou.

Por sua vez, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, na sua intervenção na cerimónia disse, que Aristides de Sousa Mendes passava a ganhar um lugar no panteão junto de “alguns dos mais insígnios heróis nacionais como Almeida Garret ou Sophia de Mello Breyner Anderson ou Humberto Delgado.

Ferro Rodrigues sublinhou ainda que Aristides de Sousa Mendes “desafiou a ideologia fascista invocando o seu exemplo, uma defesa dos valores da liberdade e dignidade da pessoa humana”.

“Uma iniciativa que mereceu amplo consenso parlamentar que teve origem no projeto de resolução apresentado pela deputada Joacine Katar Moreira e no programa de pantonização confiado com sucesso ao grupo de trabalho de concessão de honras de Aristides Sousa Mendes, incluindo representantes de outros grupos parlamentares, um deputado único e as deputadas não inscritas”, destacou.

 

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