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“Não há vacina para o aquecimento do planeta”, alerta António Guterres

O secretário-geral da ONU, António Guterres, defende que “o maior desafio existencial” que o mundo enfrenta é a crise climática, alertando, em declarações à agência Lusa, que “não há vacina para o aquecimento do planeta”.
17 Outubro 2020, 20h49

“O maior desafio existencial que enfrentamos é a crise climática. Não há vacina para o aquecimento do planeta”, disse António Guterres, quando questionado sobre quais foram os outros grandes desafios, a par da atual crise pandémica do novo coronavírus, que enfrentou desde que assumiu a liderança da Organização das Nações Unidas (ONU) em janeiro de 2017.

Guterres respondeu à Lusa poucos dias depois de terem passado quatro anos da sua aclamação pela Assembleia-geral da ONU para o cargo de secretário-geral, a 13 de outubro de 2016.

Sobre o dossiê climático, o secretário-geral da ONU frisou que, nos últimos quatro anos, tem vindo a insistir para que os líderes de todo o mundo se comprometam seriamente com a aplicação do Acordo de Paris (sobre as alterações climáticas) e demonstrem ambição para ir mais além, “de modo a evitar um aumento catastrófico das temperaturas globais”.

Assinado em dezembro de 2015 durante a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) na capital francesa, o objetivo principal do Acordo de Paris é limitar o aumento da temperatura média mundial “bem abaixo” dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais e em envidar esforços para limitar o aumento a 1,5ºC.

O alcance de tal meta está assente na aplicação de medidas que limitem ou reduzam a emissão global de gases com efeito de estufa, nomeadamente uma redução até 2030 de, pelo menos, 45% nas emissões globais em relação aos níveis de 1990 e também uma neutralidade carbónica antes de 2050.

“Estamos a fazer muito pouco, muito tarde, como provam as consequências de furacões, inundações, incêndios florestais e secas a que temos vindo a assistir. Precisamos de uma mudança radical para responder com seriedade e rapidez acrescidas face ao que tem sido feito até agora”, prosseguiu.

Sobre o Acordo de Paris é de referir que os Estados Unidos, um dos maiores emissores mundiais de gases com efeito de estufa, anunciou em junho de 2017 a saída deste acordo climático.

Apesar das palavras de alerta, António Guterres admitiu, no entanto, que constata que “existem sinais de mudança positivos”, “não apenas a nível governamental, mas também nas empresas, nas cidades e da parte de líderes regionais”.

“É essencial que a COP26, que se realizará em Glasgow no próximo ano, seja bem-sucedida e que todos os nossos esforços se orientem pela ciência”, referiu.

A 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26), que pretendia relançar o Acordo de Paris (após o anúncio da retirada norte-americana), estava prevista para este ano em Glasgow (Escócia, Reino Unido), mas por causa da pandemia da doença covid-19, e à semelhança de outras reuniões internacionais, foi adiada e está prevista para novembro de 2021.

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