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“Não percebo se esta gente quer que sejamos a Cuba da Europa”, alerta líder da dona do Pingo Doce

Pedro Soares dos Santos considera, em entrevista ao “Portugal Amanhã”, que Portugal “podia ser a Califórnia da Europa” mas ao invés disso, e tendo em conta o possível estigma contra as grandes empresas, questiona se algumas forças políticas não querem que Portugal seja “a Cuba da Europa”.
24 Fevereiro 2024, 15h00

Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, criticou, em entrevista ao “Portugal Amanhã”, aquilo que considera uma falta de visão dos políticos para o país a vinte anos, num momento em que se discutem propostas para o país no âmbito da campanha para as legislativas de 10 de março.

“Acho que não há ninguém. E basta ver alguns debates políticos e alguns programas e percebe-se que ninguém está preocupado com o futuro. Estão preocupados com as próximas eleições. E isso é desastroso para nós todos”, destacou Pedro Soares dos Santos.

Para o líder da Jerónimo Martins, a desilusão em relação à atual classe líder política em Portugal “é muito grande. Ninguém está a pensar como é que Portugal se deve posicionar numa União Europeia que nós todos sabemos ainda vai aumentar mais e ninguém quer saber que papel queremos desempenhar em termos económicos na atual União Europeia e na futura”.

Pedro Soares dos Santos considera que nos debates ninguém falou de Portugal na União Europeia e que só se fala de Portugal para os fundos: “Mas para se ter fundos tem de se ter projetos. Para se ter projetos tem de se ter ideias. E para se ter ideias tem de se ter gente muito boa na liderança. Essa lacuna existe neste momento em Portugal e é perigosíssima. Não é em vão que os jovens deixam Portugal. É porque não sentem que isto exista. Tenho muita pena porque Portugal é um país maravilhoso. Podia ser a Califórnia da Europa”.

Sobre o estigma que pode existir em relação às grandes empresas e aos grandes grupos em Portugal, Pedro Soares dos Santos considera que “tudo devia mudar” porque “quando não se cria riqueza, não se partilha”.

“Quando não se cria riqueza, não se partilha absolutamente nada. E nós hoje estamos debaixo de um discurso contra a criação de riqueza. Não percebo se esta gente quer que sejamos a Cuba da Europa”, destaca este líder empresarial.

O líder do grupo dono do Pingo Doce considera que “neste momento só se fala em impostos, mas os impostos têm de ser cobrados pela riqueza que se produz. Não é por aquilo que as pessoas têm. Não consigo perceber o que é que esta gente entende que é tirar aos outros a riqueza que os outros produzem e que partilham. E esse é que é o problema de Portugal. Ninguém gosta. Neste momento nós temos um discurso de uma classe que não gosta de trabalhar. Viveu toda a vida à conta dos orçamentos de Estados e só pensa em distribuir esmolas. Não pensa em como criar esta riqueza. E isso a mim preocupa imenso”.

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