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Soares dos Santos: “Que papel queremos desempenhar em termos económicos na atual UE e na futura?”

Na entrevista o presidente da dona do Pingo Doce diz que “não há ninguém” a pensar o país a 20 anos.
22 Fevereiro 2024, 21h55

Em entrevista ao projeto multiplataforma Portugal Amanhã da Newsplex/Sol, Pedro Soares dos Santos, presidente do grupo Jerónimo Martins, alerta que “ninguém está a pensar como é que Portugal se deve posicionar numa União Europeia que nós todos sabemos ainda vai aumentar mais e ninguém quer saber que papel queremos desempenhar em termos económicos na atual União Europeia e na futura. Era para aí que devia estar canalizado o nosso pensamento”.

Na entrevista o presidente da dona do Pingo Doce diz que “não há ninguém” a pensar o país a 20 anos.

“Basta ver alguns debates políticos e alguns programas e percebe-se que ninguém está preocupado com o futuro. Estão preocupados com as próximas eleições. E isso é desastroso para nós todos. A desilusão em relação à atual classe líder política em Portugal é muito grande”, defende o empresário e gestor.

“Nos poucos debates a que assisti, ninguém fala de Portugal na União Europeia. Só se fala de Portugal para os fundos. Mas para se ter fundos tem de se ter projetos. Para se ter projetos tem de se ter ideias. E para se ter ideias tem de se ter gente muito boa na liderança”, salienta Pedro Soares dos Santos.

O presidente do grupo Jerónimo Martins diz que “essa lacuna existe neste momento em Portugal e é perigosíssima. Não é em vão que os jovens deixam Portugal. É porque não sentem que isto exista. Tenho muita pena porque Portugal é um país maravilhoso. Podia ser a Califórnia da Europa”.

Sobre o estigma que parece às vezes haver em relação às grandes empresas, aos grandes grupos em Portugal, Pedro Soares dos Santos defende  que “tudo devia mudar. Porque quando não se cria riqueza, não se partilha”.

“Quando não se cria riqueza, não se partilha absolutamente nada. E nós hoje estamos debaixo de um discurso contra a criação de riqueza. Não percebo se esta gente quer que sejamos a Cuba da Europa”, aponta o empresário.

“Neste momento só se fala em impostos, mas os impostos têm de ser cobrados pela riqueza que se produz. Não é por aquilo que as pessoas têm. Não consigo perceber o que é que esta gente entende que é tirar aos outros a riqueza que os outros produzem e que partilham. E esse é que é o problema de Portugal”, acrescenta Soares dos Santos.

“Neste momento nós temos um discurso de uma classe que não gosta de trabalhar. Viveu toda a vida à conta dos orçamentos de Estados e só pensa em distribuir esmolas. Não pensa em como criar esta riqueza. E isso a mim preocupa imenso”, conclui.

O grupo Jerónimo Martins fatura mais de 30 mil milhões de euros, emprega 137 mil pessoas está presente na Polónia e Colômbia.

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