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“Não sou o único responsável”. Presidente chileno garante que não se demite apesar dos protestos

O Chile vive uma agitação social sem precedentes desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), com manifestações maciças nas ruas e distúrbios, reprimidos pela polícia e militares, que até ao momento fizeram pelo menos 20 mortos, 600 feridos e seis mil detidos.
  • epa06396175 Supporters of former Chilean president and conservative candidate for ‘Chile Vamos’, Sebastian Pinera (not pictured), wait for results in Santiago, Chile, 17 December 2017. Pinera is the projected winner as 14.3 million Chileans cast their votes in the second round of the presidential election choosing between conservative candidate Sebastian Pinera and progressive Alejandro Guillier. EPA/Elvis Gonzalez
5 Novembro 2019, 16h24

O Presidente chileno, Sebastian Piñera, garantiu hoje que não vai demitir-se, apesar das manifestações violentas contra o seu regime que abalam o país há mais de duas semanas.

Em entrevista à televisão inglesa BBC, o Presidente conservador afirmou que não se demitirá, embora tenha reconhecido ser “responsável por uma parte” dos “problemas que se acumularam nos últimos 30 anos”.

O movimento de protesto, que entrou hoje na terceira semana apesar de já terem sido anunciadas várias medidas sociais, começou contra o aumento do preço do bilhete de metropolitano, tendo-se alargado rapidamente para uma série de outras reclamações.

“Os problemas acumularam-se nos últimos 30 anos. Sou responsável por alguns deles e assumo a responsabilidade, mas não sou o único responsável”, sublinhou Piñera.

O chefe do Estado chileno referiu-se às “numerosas denúncias de uso excessivo de força”, garantindo que “se isso aconteceu, haverá uma investigação (…) e uma acusação”.

Alguns ativistas, incluindo a vencedora do Prémio Nobel da Paz Rigoberta Menchu, pediram a Piñera que pusesse fim às violações “sistemáticas e graves” dos direitos humanos nas repressões às manifestações.

“Não haverá impunidade”, assegurou Sebastian Piñera na entrevista.

O Presidente chileno justificou ainda a instauração do estado de emergência no país, explicando que “usou as ferramentas democráticas e constitucionais existentes (…) para restaurar a ordem pública e proteger os cidadãos”.

Na primeira semana do conflito, o exército chileno juntou-se à polícia para patrulhar as ruas de Santiago.

Na segunda-feira, centenas de manifestantes cercaram a sede do Congresso em Santiago do Chile para protestar contra a reforma das pensões e outras medidas anunciadas pelo Presidente, que estava a ser debatida no parlamento.

Na manifestação, convocada pela plataforma Unidade Social, que reuniu cerca de 70 organizações sindicais e sociais, ouviram-se palavras de ordem exigindo a revisão da Constituição, uma reforma do sistema de pensões que acabe com as empresas privadas que administram fundos de pensões ou ainda habitação digna e uma reforma tributária.

O Chile vive uma agitação social sem precedentes desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), com manifestações maciças nas ruas e distúrbios, reprimidos pela polícia e militares, que até ao momento fizeram pelo menos 20 mortos, 600 feridos e seis mil detidos.

Além da revisão constitucional e da reforma do sistema de pensões, os manifestantes exigem reformas ao modelo económico ultra-liberal do país.

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