Xi Jinping, o líder chinês mais forte desde o fundador da República Popular da China, Mao Zedong, tornou a pandemia numa questão de “prestígio pessoal” e de “supremo interesse nacional”, resumiu Vijay Gokhale, um especialista indiano para assuntos da China, que serviu anteriormente como embaixador em Pequim.
A China conseguiu, efetivamente, extinguir o surto original de covid-19, que surgiu na cidade de Wuhan, no centro do país, no final de 2019. Desde o segundo trimestre de 2020, enquanto várias partes do mundo enfrentavam medidas de confinamento e registavam centenas de milhares de mortos devido à doença, a vida decorreu com normalidade no país asiático.
No primeiro aniversário da pandemia, uma exposição temática sobre a luta de Wuhan contra o surto, organizada no Centro de Exposições de Cultura da China, um pavilhão com 1.800.000 metros quadrados, exaltou o papel do Partido Comunista Chinês, e em particular de Xi Jinping, na “vitória” contra a pandemia.
“Em dois meses, conseguimos derrotar a doença”, disse então à agência Lusa Zhao Xiaosong, um estudante chinês, de 24 anos, que visitou a exposição. “É um feito único a nível mundial”, disse.
Num período de fricções políticas com o Ocidente, Xi apontou então que a competição entre países é, em última análise, uma “competição entre sistemas políticos”. “A gestão da pandemia tornou evidente quais são a liderança e o sistema político superiores”, disse então o líder chinês, num encontro com altos quadros do PCC.
A altamente contagiosa variante Ómicron da covid-19, que surgiu no final de 2021, derrotou, porém, a estratégia chinesa, lançando o país num ciclo de bloqueios extremos sem fim à vista. O sucesso da China em prevenir surtos em larga escala, nos primeiros dois anos da pandemia, significa que a população não desenvolveu imunidade natural ao vírus – um problema que é exacerbado por taxas de vacinação baixas entre os idosos.
Cientistas chineses e norte-americanos previram recentemente que um surto de Ómicron descontrolado faria com que a procura por unidades de cuidados intensivos superasse a oferta em 15,6 vezes, resultando em quase 1,6 milhão de mortes no país.
“A liderança do partido criou a narrativa de que a China lidou com a pandemia muito melhor do que um Ocidente em decadência”, explicou Wuttke. “Agora, esta narrativa está a rebentar na cara deles”.
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