Trinta e seis anos depois da “mão de Deus”, Lionel Messi liderou a Argentina para a conquista do terceiro título mundial do seu país com uma vitória nas grandes penalidades (3-3 ao final dos 120 minutos) frente à França campeã mundial na Rússia em 2018. Há 20 anos que nenhuma seleção sul-americana conseguia conquistar o Mundial de futebol, e logo numa prova que começou tão mal para a Argentina (derrota frente à Arábia Saudita).
No Estádio Lusail, com 80 mil espectadores presentes, defrontaram-se duas seleções com dois títulos mundiais cada. A Argentina, sob a liderança de Lionel Messi, tinha pela frente a enorme oportunidade de quebrar um jejum de 36 anos já que desde a famosa “mão de Deus” no México que os argentinos não atingiam a glória. Do lado contrário, Mbappé, com 23 anos de idade, estava motivado para repetir a conquista do título mundial (algo que só Pelé conseguiu).
E se a Argentina quebrou um jejum de 36 anos, a França teve neste jogo a oportunidade de fazer algo que apenas o Brasil alcançou na história dos Mundiais de futebol: revalidar um título de campeão (os canarinhos tinham conseguido em 1962 revalidar o título de 1958).
E por falar em encontros com a história, 2022 ficará para sempre na história… do futebol português. E o motivo é simples: nunca um atleta foi campeão mundial a jogar em Portugal e apenas cinco tinham chegado à Liga nacional depois de levantarem a taça mais desejadas do mundo: Anderson Polga (Sporting CP), Joan Capdevila (SL Benfica), Iker Casillas (FC Porto), Adil Remi (Boavista) e Julian Draxler (SL Benfica). Enzo Fernández e Nicolás Oramendi, ambos jogadores do SL Benfica e titulares em grande parte das partidas da Argentina neste Mundial, vão regressar a Portugal como campeões do mundo.
Frente a frente estiveram duas equipas separadas por muitos milhões de euros, de acordo com a avaliação do site “Transfermarkt”: se a França era a terceira seleção com maior valor de mercado desta prova, avaliada em mil milhões de euros, a Argentina estava muito longe de ser uma das mais valiosas do Mundial, já que se apresentou no Qatar com “modesta” avaliação de 645 milhões de euros.
Cérebro argentino anula repentismo francês
A primeira parte teve a história dos dois golos e de uma seleção argentina que conseguiu, na quase totalidade dos 45 minutos, meter a França no “bolso”. Em muitos momentos do primeiro tempo, a seleção que chegou ao Qatar como campeã do mundo pareceu banal e incapaz de inverter o rumo dos acontecimentos.
No entanto, foi preciso um pénalti muito forçado para que se abrisse o marcador no Estádio Lusail: aos 23 minutos, Ángel Di Maria (a grande surpresa no onze da Argentina) superou Dembelé na esquerda e sofreu um toque na área. Lionel Messi assumiu o momento e bateu Lloris, fazendo o sexto golo no Mundial e tornando-se o melhor marcador da prova.
Incapaz de contrariar o que estava a acontecer nas quatro linhas, a França não conseguiu responder à organização tática dos argentinos e foi sem surpresa que os sul-americanos conseguiram ampliar a vantagem.
Numa transição ofensiva irrepreensível, Molina jogou para Mac Allister e este deu em Messi; o dez tocou de primeira para Alvárez e a bola chegou novamente a Mac Allister que assistiu Di María para uma finalização sem mácula.
E de repente, aí está Mbappé!
Na segunda parte, a França conseguiu equilibrar um pouco a partida mas com sempre com enorme dificuldade para construir jogo a partir de trás e com a Argentina muito confortável num posicionamento mais expectante dos sul-americanos. Aos 70 minutos, Mbappé ainda conseguiu arranjar espaço da super lotada grande área argentina mas o remate de pé direito saiu muito por cima. Um prenúncio do que iria acontecer dez minutos depois: Kylian Mbappé irrepreensível reduz.
Quando o jogo parecia quase decidido, o minuto 82 trouxe a melhor jogada coletiva da França em todo o jogo: Coman ganhou a bola a Messi, jogou com Rabiot e a combinação entre Thuram e Mbappé possibilitou um remate acrobático de pé direito a bater Emiliano Martínez. Empate no marcador com Emmanuel Macron, presidente francês, a rejubilar na bancada presidencial. Sete golos de Mbappé neste mundial.
Nesta altura, a Argentina perdeu o controlo do jogo e já era a França a aparecer com mais perigo enquanto os sul-americanos pareciam estar a pagar a “fatura” pelo esforço empreendido na forma como anularam a seleção francesa na primeira parte. Kylian Mbappé, o jogador mais caro do mundo, era agora um “diabo à solta” no flanco esquerdo.
Mesmo assim, Messi podia ter resolvido o título mundial aos 97 minutos quando se enquadrou de frente para a baliza e rematou forte de pé esquerdo para uma defesa por instinto de Lloris.
Trinta minutos frenéticos com as estrelas em grande
O jogo seguiu para mais 30 minutos de espetáculo, com domínio repartido por ambas as seleções e com qualquer uma delas a poder resolver a partida.
O minuto 109 foi de alegria para os argentinos e com Messi a dar nova vantagem aos sul-americanos. Jogada coletiva com Lautaro Martínez a aparecer na área para um remate e uma defesa muito difícil de Lloris com a bola a sobrar para 10 que colocou a bola na baliza e marcou o sétimo golo da prova.
Aos 118 minutos, o árbitro voltou a assinalar pénalti para a França e Kylian Mbappé chegou ao “hat trick”, e ao oitavo golo neste Mundial, com um remate sem hipóteses para Emiliano Martínez que empatou novamente a partida.
Nas grandes penalidades, a Argentina foi mais forte ao marcar todos os pénaltis de que dispôs e Emiliano Martínez a voltar a ser o herói nesta fase do jogo e com o pé direito de Montiel a decidir.
Aos 35 anos e a poucos dias de poder negociar como jogador livre, Lionel Messi liderou a Argentina para o título de campeão e despediu-se dos Mundiais como campeão do mundo e melhor jogador da prova.
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