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NATO quer tornar apoio à Ucrânia mais sustentado e regular

Na mesma altura em que de Kiev chegam pedidos desesperados de apoio em termos militares, os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, outra vez reunidos, produziram declarações que não devem sossegar os ucranianos.
epa09846261 NATO Secretary General Jens Stoltenberg attends a press conference at the end of an extraordinary NATO Summit at the Alliance headquarters in Brussels, Belgium, 24 March 2022. EPA/STEPHANIE LECOCQ
3 Abril 2024, 18h48

Mais uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica vai discutir a substituição das atuais ajudas espontâneas por uma ajuda regular. A Ucrânia está no topo da agenda nesta reunião dos ministros da NATO, em Bruxelas, que assinala também os 75 anos da assinatura do tratado fundador.

A ideia, segundo avançam as agências noticiosas, é tornar o apoio militar e financeiro à Ucrânia mais previsível e mais estável, em vez do atual sistema de doações espontâneas. Jens Stolenberg, secretário-geral da NATO, disse que “acreditamos firmemente que o apoio à Ucrânia deve ser menos dependente de ofertas voluntárias a curto prazo e mais dependente de compromissos a longo prazo da NATO. Ao fazê-lo, estaremos a dar à Ucrânia o que ela precisa, ou seja, um apoio sólido e previsível a longo prazo.”

Resta saber se é mesmo isto que a Ucrânia precisa. De Kiev têm surgido cada vez mais insistentemente pedidos veementes de aumento da remeça de armas e munições para a zona de guerra. Sem esse apoio imediato, diz o governo de Zelensky, a Ucrânia não conseguirá rechaçar as tropas russas e recuperar a posse dos territórios a leste que já estão sob a alçada de Moscovo.

Os países NATO têm demonstrado alguma incapacidade para enviar armas e munições para o terreno. E têm também feito verdadeiras ‘novelas’ em torno de questões que para Kiev são urgentes – como foram os casos mais óbvios do envio de tanques de Leopard e de aviões F-16 para a Ucrânia.

Além disso, alguns Estados-membros estão a ser sujeitos a uma pressão crescente para honrarem o compromisso de elevar a despesa com a defesa até ao limiar de 2% do PIB. Mas, como é público, muitos deles ainda não o fazem – e os apertos orçamentais patrocinados pela inflação e pela alta das taxas de juro (a que se acrescenta um ano com múltiplas eleições) fazem perigar a assunção desse objetivo.

Citado pela Euronews, Radosław Sikorski, ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, disse que “creio que a Polónia é agora o país que gasta a maior proporção do PIB na defesa e espero que isso seja uma inspiração para outros. Estou ansioso por ouvir os nossos colegas ucranianos falarem sobre os desafios na frente de batalha. A Polónia também vai apoiar a criação de uma missão da NATO para regularizar a ajuda que estamos a prestar à Ucrânia”.

Apesar da aparente maior unidade de sempre, a perspetiva de um regresso ao poder de Donald Trump nos Estados Unidos paira sobre esta reunião histórica, referem todos os analistas. O antigo presidente deu a entender que poderia retirar os Estados Unidos do perímetro da ajuda ou reduzir drasticamente o apoio à NATO, caso ganhasse a reeleição em novembro. Não seria a primeira vez que o tenta. Entretanto, como é sabido, até os Estados Unidos estão a ter diversos problemas em manter o fluxo da ajuda à Ucrânia – apesar de a maioria do dinheiro disponibilizado ficar nos cofres das empresas do sector da defesa. Nos últimos meses, os republicanos na Câmara dos Representantes têm bloqueado sistematicamente a criação de novos pacotes financeiros de ajuda à Ucrânia. E ninguém acredita que uma vitória de Trump não vá piorar tudo.

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