O secretário-geral cessante da Aliança Atlântica disse hoje que “a liberdade é mais importante do que o comércio livre” e alertou para a ameaça que a China pode representar se prevalecerem “interesses económicos de curto prazo”.
“A liberdade é mais importante do que o comércio livre”, disse Jens Stoltenberg, na sua última intervenção enquanto secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Durante a intervenção, Jens Stoltenberg recordou que no passado vários países decidiram ‘fechar os olhos’ em relação à Rússia.
O secretário-geral da NATO referiu a decisão por parte de vários países da Aliança Atlântica de prosseguirem trocas comerciais com a Rússia, especificamente energia, depois da invasão da Crimeia, território ucraniano ocupado desde 2014: Moscovo “usou o gás como uma arma para fazer coerção e impedir-nos de ajudar a Ucrânia.”
O antigo primeiro-ministro da Noruega advertiu que o mesmo pode acontecer com a China: “Não podemos incorrer no mesmo erro com a China. Dependendo dos minerais raros, exportando tecnologias avançadas e permitindo controlo estrangeiro de infraestruturas críticas a nossa resiliência enfraquece e corremos riscos.”
“É claro que vamos continuar a fazer trocas comerciais com a China, mas não podemos trocar interesses económicos de curto prazo por necessidades de segurança de longo prazo”, alertou Jens Stoltenberg.
O conselho que deixou para os países que integram o bloco político-militar faz parte de “cinco lições” que disse que extraiu de um mandato de uma década.
Jens Stoltenberg alertou que também é necessário haver disposição para “pagar um preço pela paz”.
Para isso é necessário continuar, no imediato, a apoiar a Ucrânia para que vença o conflito iniciado pela Rússia há mais de dois anos e meio, completou.
“O mundo alterou-se profundamente”, reconheceu o secretário-geral cessante da NATO, desde a “anexação ilegal da Crimeia, o crescimento do [autoproclamado] Estado Islâmico do Iraque e da Síria, a invasão da Ucrânia, a competição com a China, a pandemia, ciberataques cada vez mais sofisticados e consequências das alterações climáticas na segurança”.
Por isso, pediu a todos os países da Aliança Atlântica que invistam “significativamente mais do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa nos anos que se avizinham”.
“Estou orgulhoso de ter sido secretário-geral da NATO”, admitiu, gracejando com uma história pessoal, sobre quando pediu opinião ao pai sobre se deveria aceitar ser o cargo e o pai respondeu: “Não acontece muito na NATO”.
“Foi a maior transformação, fortalecemos a nossa Aliança, passando de zero a dezenas de milhares de unidades de combate prontas, de milhares a meio milhão de tropas em prontidão, e de três para 23 aliados a investirem pelo menos 2% do PIB em defesa”, completou.
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