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Negócios de imobiliário de Carlos Brandão com investidores da Guiné Bissau na origem das denúncias do Novobanco

Operações imobiliárias suspeitas do administrador executivo do Novobanco, Carlos Brandão, com empresários da Guiné Bissau e depósitos de numerário relevantes no banco, fizeram disparar os alarmes do sistema de controlo interno da instituição financeira, apurou o Jornal Económico.
Novobanco Carlos Brandão
Cristina Bernardo
8 Janeiro 2025, 07h00

Operações imobiliárias suspeitas do administrador executivo do Novobanco, Carlos Brandão, com empresários da Guiné-Bissau e depósitos de numerário relevantes no banco, fizeram disparar os alarmes do sistema de controlo interno da instituição financeira, apurou o Jornal Económico.

O processo encontra-se em segredo de justiça pelo que não foi possível obter confirmações junto das várias partes envolvidas.

O Novobanco denunciou o então administrador Carlos Brandão à Procuradoria-Geral da República (PGR) e demitiu-o de todas as funções esta terça-feira. “Esta decisão foi tomada no seguimento da identificação, através de processos internos do banco, de operações financeiras suspeitas realizadas na sua esfera pessoal, as quais deram origem a uma denúncia às autoridades”, refere o banco em comunicado.

O agora ex-Chief Risk Officer do Novobanco, Carlos Brandão, que foi esta terça-feira afastado do cargo por “operações financeiras suspeitas”, está, segundo o  comunicado publicado pela Procuradoria-Geral da República no seu site, a ser alvo de buscas pela Polícia Judiciária (PJ) e Ministério Público (MP), e é suspeito dos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação de documento.

Segundo a PGR, o inquérito está a cargo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e as buscas abrangem quatro residências e um banco, além de outras sete buscas não domiciliárias. Fonte oficial da PGR tinha confirmado ao Jornal Económico a existência de 12 buscas domiciliárias e não domiciliárias.

“No âmbito de inquérito dirigido pela 4.ª Secção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estão a ser realizadas diligências de busca para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse para a descoberta da verdade”, lê-se no comunicado da PGR.

“Em causa poderão estar, designadamente, factos suscetíveis de constituírem a prática de crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação por parte de um administrador do Novobanco”, acrescenta a Procuradoria que detalha que foram ordenadas/autorizadas, em concreto, quatro buscas domiciliárias, uma busca em estabelecimento bancário e sete buscas não domiciliárias.

Foram constituídos dois arguidos, avança a PGR, sendo que só um trabalha no banco, o ex-administrador executivo do Novobanco. O Expresso diz que o segundo arguido é a mulher.

Participam nas buscas um magistrado do Ministério Público, um magistrado judicial e vários elementos da UNCC da Polícia Judiciária, adiantou ainda a Procuradoria.

Mark Bourke, CEO do Novobanco, escreveu aos colaboradores sobre a destituição imediata de Carlos Brandão da administração do banco e garantiu que as operações suspeitas detetadas pelo controlo interno não estão relacionadas com operações feitas pelo gestor dentro do banco.

Pela carta ficou a saber-se que Carlos Brandão já estava sob observação há algum tempo.  “Para não interferir com a investigação do Ministério Público, e com o conhecimento do regulador [Banco de Portugal], foi necessário manter a pessoa em causa no seu cargo e garantir a estrita confidencialidade do assunto”. Durante esse período, “foram tomadas todas as medidas adequadas para proteger o banco e os seus stakeholders”, garante o CEO do Novobanco.

O Novobanco manteve o administrador para não prejudicar a investigação do Ministério Público.

O banco liderado por Mark Bourke disse que “as operações em causa não estão relacionadas nem envolvem, de forma alguma, o banco e, como tal, não têm qualquer impacto nos clientes, em contas ou operações de clientes, na posição financeira ou na atividade do banco, nas suas operações comerciais, no sistema de gestão de riscos nem nos seus colaboradores”.

Após deteção da situação, o banco explica que iniciou uma investigação interna e apresentou uma denúncia junto do Ministério Publico, o que levou ao início de uma investigação que está agora em curso.

Mark Bourke, na carta aos colaboradores, diz ainda que não obstante o negócio do Novobanco “não ser de forma alguma afetado por estes acontecimentos, o facto de um executivo do banco ser alvo de uma investigação é um assunto muito sério e que está a ser tratado como tal”.

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