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“Nos últimos anos chegaram a Marrocos grandes grupos portugueses”

O embaixador de Marrocos em Portugal, Othmane Bahnini, falou ao África Capital sobre a estratégia de diversificação da matriz energética do país, as oportunidades de investimento para empresas portuguesas e o ponto de situação do projeto que prevê a interconexão elétrica entre Marrocos e Portugal. Marrocos tem objetivos ambiciosos no setor das energias renováveis. Estes […]
23 Novembro 2019, 20h00

O embaixador de Marrocos em Portugal, Othmane Bahnini, falou ao África Capital sobre a estratégia de diversificação da matriz energética do país, as oportunidades de investimento para empresas portuguesas e o ponto de situação do projeto que prevê a interconexão elétrica entre Marrocos e Portugal.

Marrocos tem objetivos ambiciosos no setor das energias renováveis. Estes objetivos são atuais e expectáveis?
A poucas semanas de completar o prazo intermédio de 2020, as conquistas são animadoras. A parcela da energia renovável no cabaz energético passou de menos de 2% em 2008 para 38% no final de 2018. Assim, Sua Majestade o Rei iniciou vários projetos de grande envergadura, tais como a maior central solar concentrada do mundo, situada no sul de Marrocos, na cidade de Ouarzazate, e vários parques eólicos, incluindo Tarfaya, um dos maiores da África. Esses projetos ambiciosos provam que a meta de 42% será alcançada em 2020.

 

Que peso tem atualmente o investimento português neste setor em Marrocos? Há espaço para novos players portugueses no mercado?
Marrocos não é produtor de gás nem de petróleo. Importa cerca de 95% de suas necessidades em energia. Para lidar com essa dependência energética e por iniciativa de Sua Majestade o Rei, Marrocos lançou em 2009 uma estratégia ambiciosa para cobrir, até 2030, 52% do seu consumo com energias renováveis e, assim, reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa. No entanto, o investimento direto português em Marrocos no campo das energias renováveis, apesar de crescente, permanece relativamente pequeno. Os investidores portugueses têm muitas oportunidades para explorar em Marrocos nesta área, dada a proximidade geográfica e as excelentes ligações entre Marrocos e Portugal. Marrocos e Portugal partilham as mesmas preocupações sobre a eficiência e eficácia energética.

 

A interconexão elétrica por cabo entre os dois países tem preenchido grande parte da agenda bilateral económica nas últimas cimeiras. Qual é o ponto de situação do projeto?
O investimento português presente em Marrocos caracteriza-se pela diversidade, em termos da dimensão das empresas e em relação aos setores em que atuam. Atualmente 394 empresas são de origem portuguesa. Isso demonstra o crescente interesse dos investidores portugueses em Marrocos. Vimos nos últimos anos a chegada a Marrocos de grandes grupos portugueses, tais como o Simoldes, no setor automóvel, ou o Tecnimede, no setor farmacêutico. Com o programa de aceleração industrial e abertura ao mundo, e com a assinatura de acordos de livre comércio com a Europa, Estados Unidos, Turquia e alguns países árabes e africanos, Marrocos constitui um hub atraente para investimentos. O projeto para criar uma interconexão elétrica constituirá um elo físico entre Marrocos e Portugal e posteriormente contribuirá para a criação de um verdadeiro centro regional de energia. Os estudos de viabilidade estão quase finalizados. Espero que em breve passemos à fase de realização.

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