A Nova Expressão considera que a demissão da administração da Parpública, que é a maior acionista da Inapa, e a nomeação de novos administradores pode ser “uma oportunidade de correção do pensamento e ações” relativamente à empresa.
Esta posição consta de um comunicado da Nova Expressão, que é acionista Inapa, e acontece depois do Governo ter afastado a administração da Parpública liderada por José Realinho de Matos. Joaquim Cadete é o novo presidente da entidade.
“Atenta às recentes evoluções na situação da Inapa a Nova Expressão SGPS considera a demissão da administração da Parpública e a nomeação de novos administradores como uma oportunidade de correção do pensamento e ações do maior acionista da empresa, que é a Parpública, que detém 45% do capital”, lê-se no documento.
A Nova Expressão SGPS, “que tem construído a sua participação na Inapa desde 2010, é o segundo maior acionista da empresa e detinha, em 30 de junho deste ano, 11,1% do capital, posição que continua a manter”, recorda.
Para a Nova Expressão SGPS, liderada por Pedro Baltazar, “este é o momento para uma nova atitude do maior acionista, centrada na defesa do emprego dos trabalhadores da empresa, que permita manter a presença de uma das poucas multinacionais de base portuguesa com atividade na geografia europeia, e, finalmente, respeitar os acionistas – cerca de 30% do capital está disperso por pequenos investidores”.
A Nova Expressão SGPS, “desde o início do processo que levou à declaração de insolvência, mantém uma ‘task force’ de especialistas que acompanham as várias vertentes da situação da Inapa, e tem mantido contactos com todos os ‘stakeholders’ e pequenos acionistas que se mantêm interessados na companhia”, adianta.
A acionista da Inapa “está a acompanhar a situação e a estudar as várias possibilidades ainda em aberto”.
“Mantemos contacto com os interessados em construir uma nova Inapa, queremos ser parte integrante de uma solução que abra o caminho do futuro à empresa e estamos disponíveis para assumir as nossas responsabilidades, tal como dizemos desde o início deste processo e já demonstrámos em várias ocasiões”, reforça.
Paralelamente, a “Nova Expressão SGPS está preparada para defender os seus direitos em todas as instâncias e não põe de lado a possibilidade de exigir responsabilidades a quem criou a situação atual: a anterior administração da Parpública e a Comissão Executiva do Conselho de Administração da Inapa”.
Acrescenta que “tem sido subestimada a importância da Inapa na economia portuguesa, sobretudo na otimização da fileira da indústria do papel e do ‘packing’, onde a empresa tem uma posição de relevo na distribuição e comercialização desses produtos na geografia europeia”.
Em 06 de agosto, a Comissão Executiva da Inapa afirmava, numa carta de despedida aos colaboradores a que a Lusa teve acesso, que “nunca foi possível” chegar a uma solução de capitalização da empresa “por indisponibilidade” do maior acionista Parpública, com quem realizou “mais de 50 contactos” para recapitalizar e reestruturar o grupo.
Apontava ainda que a Parpública tinha sido alertada para o facto da insolvência súbita, “mas evitável”, impactar diretamente 1.400 trabalhadores e inviabilizar a compra da empresa por um grupo mundial de distribuição de papel.
A gestão recordava que a assembleia-geral realizada em maio passado, por ocasião da aprovação das contas por parte dos acionistas presentes, tinha recebido, “mais uma vez, um voto de confiança por proposta da Parpública, tal como aliás nos anos anteriores”.
Em 22 de julho, o Ministério das Finanças disse que só soube da “situação crítica” em que estava a Inapa em 11 de julho (aquando da suspensão das ações) e que foi aí que convocou a Parpública, que explicou que a Inapa tinha pedido uma injeção de 12 milhões de euros para necessidades de tesouraria imediatas na operação na Alemanha quando já tinha um pedido de 15 milhões de euros para reestruturação.
Perante essas informações, foram pedidos pareceres à Parpública, à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM), afirmando as Finanças que as três entidades concluíram que “a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.
O Ministério das Finanças disse que, perante esses pareceres, a falta de uma estratégica de recuperação da Inapa e considerando que a empresa não tem uma “atividade estratégica para a economia portuguesa” “confirmou o parecer da Parpública de não avançar com as operações de financiamento solicitadas pela Inapa”.
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