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Nova greve nos portos. “Governo tem de falar a uma só voz”, diz AGEPOR

Está prevista mais uma greve nos portos com dias intercalados, de 21 de novembro a 12 de dezembro. A AGEPOR, que representa os agentes de navegação, avisa para os “impactos significativos” e aponta o dedo ao Governo por não assumir compromissos anteriores.
14 Novembro 2025, 17h44

Os trabalhadores dos portos nacionais vão avançar para uma nova greve esta semana, em dias intercalados, que deverá durar até 12 de dezembro. O pré-aviso foi feito pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias a 7 de novembro, um dia antes de ter terminado a anterior greve.

A paralisação, tal como a anterior, deve-se ao braço de ferro com o Governo, que está a bloquear um acordo assinado no ano passado. O sindicato fala numa “reiterada e incompreensível posição do Ministério das Finanças que, há já muitos meses, impede que seja cumprido o acordo celebrado em 18 de dezembro de 2024, entre este Sindicato e todas as Administrações Portuárias (por proposta das mesmas)”.

A greve — que terá serviços mínimos — está marcada para os dias 21, 22, 25, 26, 28 e 29 de novembro, bem como 2, 3, 4, 9, 12 e 13 de dezembro. De fora ficam mais uma vez os portos das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, bem como as operações nos portos do Continente por parte de navios de mercadorias que tenham como destino ou proveniência os dois arquipélagos.

Ministério das Finanças “não está a honrar o que foi prometido”

António Belmar da Costa, presidente da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, vê esta nova greve “com muita preocupação”, porque é também “uma questão de imagem e reputação”. Ou seja, “os armadores vão-se afastando cada vez mais, e depois vai ser complicado retomar”.

Da última greve — em que não houve qualquer balanço dos impactos por parte do sindicato ou das administrações portuárias — António Belmar da Costa tem conhecimento de, “pelo menos, umas 30 ou 40 escalas canceladas”, sobretudo cruzeiros, porque os navios de mercadorias “se não vêm amanhã, vêm à tarde”.

O responsável queixa-se sobre o “impacto significativo”, entre efeitos diretos e indiretos, “na ordem dos milhões” de euros. “Tem de perceber que, se a nível macro, 20 ou 30 escalas ao longo do ano não são muito significativas, para uma empresa, duas ou três escalas são significativas, têm impacto nas receitas”, acrescenta.

“Nós estamos a falar, essencialmente, das lanchas — o serviço que leva os pilotos para o bordo dos navios. Esses serviços deixam de acontecer e paralisam completamente o porto. Meia dúzia de pessoas”, lamenta.

Para esta nova greve, se não houver entretanto acordo, António Belmar da Costa espera mais escalas canceladas e, “mais uma vez, uma imagem de falta de credibilidade e de previsibilidade dos portos portugueses”. É uma paralisação “que não hipoteca só o presente, mas também o futuro”, acredita, recordando que “nos últimos 10 anos, já houve pelo menos 20 ou 30 pré-avisos de greve”.

No entanto, António Belmar da Costa também aponta o dedo ao Governo, recordando “o que foi dito por todas as partes” relativamente a “um entendimento entre as administrações portuárias e o sindicato” com “a benção da tutela”. Agora, no entanto, “o que parece é que as Finanças não estão a dar a benção ao Ministério das Infraestruturas”, afirma o representante da AGEPOR, concluindo que “não se está a honrar o que foi prometido”.

  1. “Deveriam honrar o compromisso, que parece ter existido, pelas informações que temos. Não podemos ter um Governo das Infraestruturas e um Governo das Finanças. Eu acho que o Governo tem de falar a uma só voz”, critica Belmar da Costa.

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