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Nova organiza debate sobre o futuro do euro

Conferência traz a Lisboa o professor na Universidade de Harvard Jeffry Frieden, o economista do Banco Francês Éric Monnet e o economista grego Panos Tsakloglou.
Cristina Bernardo
22 Junho 2018, 08h38

Os principais desafios da desigualdade económica na zona euro e o futuro da moeda comum vão estar em debate esta sexta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, na conferência “O euro e a soberania económica”.

O painel dedicado ao tema “o futuro do euro: reformas ou ruptura” juntará à mesma mesa o professor na Universidade de Harvard Jeffry Frieden, o economista do Banco Francês Éric Monnet, o economista grego Panos Tsakloglou e o investigador Sebastian Dullien.

Já durante a tarde, o diretor de política, estratégia e coordenação dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, José Leandro, assim a antiga ministra das finanças, Maria Luís Albuquerque e os economistas João Ferreira do Amaral, Ricardo Paes Mamede e José Reis irão debater Portugal, a soberania e as reformas do euro.

A conferência organizada pelo Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa (IFILNOVA), pelo Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) e pelo Instituto de História Contemporânea (IHC) pretende avaliar o percurso das reformas analisando as falhas políticas e económicas do projeto do euro.

“A pergunta à qual tentamos responder é: o que é que é preciso para que a zona euro retome um caminho de crescimento. Este é o primeiro elemento de legitimidade. Isso em si não seria uma novidade: é o que todos os investigadores e políticos fazem a partir de 2010. Mas há um assunto que normalmente é esquecido: o problema da igualdade das oportunidades económicas entre os países da zona euro. Durante a fase aguda da crise, os países em dívida tiveram de suportar quase inteiramente o fardo do fracasso, embora os problemas não tenham sido causados só por eles, mas sim por regras comuns que não funcionaram. A responsabilidade também teria de ser de comum. O problema das reformas é parecido: vão manter a desigualdade económica e política entre os países ou vão reduzi-la? Este é um assunto fundamental que vamos abordar. Este tem a ver com o problema político da zona euro”, explica o investigador do Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa Gabriele Angelis, em declarações ao Jornal Económico.

O investigador, que faz parte da organização, defende que “as regras da zona euro deixaram nos cidadãos europeus a impressão de que as opções de política económica que ficaram nas mãos das democracias nacionais são insuficientes para garantir o crescimento económico. Em geral, a falta de resultados, a permanência dos riscos, e a sensação de esvaziamento da escolha democrática levaram água ao moinho dos “populistas”. Acrescenta, no entanto, a existência de opiniões euro-céticas que vão para além das posições genéricas dos populistas.

“A crise da zona euro deu nova força aos que vêem na moeda comum um projeto falhado que já não tem esperança e nunca teve: um projeto que põe em risco o estado de bem estar e que vai agravar a competição económica entre as economias nacionais. São posições que visam um regresso ao Sistema Monetário Europeu antecedente ao euro como forma de salvar as democracias nacionais e o compromisso social que está no seu fundamento. São posições para levar a sério, pois tocam num tópico caro a um qualquer democrata: a soberania, o papel dos estados e a liberdade dos cidadãos”, concluiu.

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