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Nova presidente da Associação caboverdeana de Lisboa promete defesa da comunidade

Filomena Vicente, que tomou posse a 23 de novembro, após uma eleição contestada que levou a três recontagens dos votos, é a segunda mulher a presidir aos destinos da emblemática instituição cabo-verdiana, depois de Alcestina Tolentino, há mais de uma década.
22 Dezembro 2020, 10h15

A nova presidente da Associação CaboVerdeana (ACV) de Lisboa, Filomena Vicente, apontou como “prioridade absoluta” dar maior apoio e espaço na instituição aos cabo-verdianos, prometendo intervenção “crítica e ativa” na defesa da comunidade.

Filomena Vicente, que tomou posse a 23 de novembro, após uma eleição contestada que levou a três recontagens dos votos, é a segunda mulher a presidir aos destinos da emblemática instituição cabo-verdiana, depois de Alcestina Tolentino, há mais de uma década.

“A prioridade absoluta é o regresso ao social, apoiando mais e dando mais espaço na ACV à comunidade cabo-verdiana. A nossa presidência vai apostar na promoção de uma comunidade mais capacitada, mais consciente, mais integrada e mais orientada para ser uma mais-valia para Cabo Verde e para Portugal”, disse Filomena Vicente em entrevista à agência Lusa.

Antiga atleta e vice-campeã de andebol, Filomena Vicente exerceu o cargo de secretária da direção na presidência do jurista são-tomense Filipe Nascimento, que cessou funções no ano passado para assumir a liderança do Governo regional do Príncipe.

A liderança da organização, que em fevereiro comemorou 50 anos e foi condecorada pelos chefes de Estado de Portugal e Cabo Verde, vinha sendo assumida desde então interinamente pelo jurista, poeta e ensaista José Luís Hopffer Almada.

“A associação neste momento precisa resgatar a sua dinâmica de ativismo comunitário, encetar diálogos abertos e parcerias com outras comunidades e instituições, e, sobretudo, cuidar de questões organizativas internas, mas que impactam a sua boa imagem e condicionam o seu papel de referência associativa que já deteve outrora”, sustentou.

Filomena Vicente quer, por outro lado, diversificar a oferta cultural da ACV, indo além dos seus emblemáticos almoços dançantes e dos “esporádicos lançamentos de livros”.

“Queremos consolidar o nosso nome e o da comunidade cabo-verdiana como uma referencia na agenda cultural de Lisboa, contribuindo também para consagrar esta cidade como altamente multicultural”, disse.

Na sua equipa estão nomes como o músico Dino Santiago ou a investigadora Angela Coutinho.

“Tudo o que seja ‘made in Cabo Verde’ pode ser encontrado na nossa associação”, acrescentou.

No entanto, segundo a nova presidente, a associação deverá ainda servir de “espaço de convívio e de dialogo intercultural” para as outras comunidades de língua portuguesa .

Outra prioridade será o concurso a programas de apoio às comunidades em termos de formação em língua e cultura cabo-verdianas, integração e cidadania, referenciação de empregos, assessoria jurídica aos imigrantes em situação de risco e capacitação de jovens.

Filomena Vicente estima que a sustentabilidade financeira da ACV continue a ser o principal da desafio da nova equipa diretiva.

“Desafia-nos buscar novos parceiros sociais e filantrópicos, bem como financiamentos de programas que tenham a ver com o nosso objetivo associativo”, disse.

Com a pandemia de covid-19 a atingir de forma particular algumas comunidades imigrantes, Filomena Vicente manifestou a sua intenção de trabalhar ativamente para encontrar soluções para os membros da comunidade cabo-verdiana em situações críticas ou de risco.

“Não seremos um espaço de eventos tão-somente, mas teremos intervenções críticas e ativas na defesa das comunidades e na promoção de melhor integração de todos”, disse.

A nova presidente da ACV sublinhou o “enorme contributo” dos africanos para o desenvolvimento de Portugal, considerando que “os cabo-verdianos devem ter esta consciência e otimizá-la”.

“O nosso mandato vem para promover mudanças, não só de procedimentos internos, no sentido de arrumar a casa, mas de fazer diferença positiva entre as associações comunitárias”, sustentou.

Filomena Vicente encabeçou a Lista B, que saiu vencedora da eleição para o período de 2020-2022, tendo recolhido 54 votos contra 53 da lista adversária.

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