“Não sei se a novela do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) já acabou ou se só acabou a primeira série”. João Duque, o ‘dono da casa’ onde se desenrola a Conferência do JE sobre o documento, em parceria com a EY, esteve “atento “a primeira série, onde aconteceram casamentos, divórcios, etc”. O presidente do ISEG está convencido, disse na abertura dos trabalhos da conferência, que a segunda série será no mínimo tão interessante quanto a primeira.
Mas, na sua ótica, o protagonista parece já estar escolhido: “tivemos um encolher de ombros do PS depois de muita zaragata. Não sei o que vai acontecer na segunda série, mas estou com muita expectativa. Quero saber qual vai ser a intervenção do PS nesta segunda série”, disse. Mas antecipou a sua visão do ‘guiião’: o Chega de André Ventura não desperdiçará a oportunidade de brilhar como protagonista.
Até que ponto será “provocadora a atitude do Chega?”, questionou João Duque. De que forma será provocadora? “Transferindo para propostas de votação ideias que eram do Governo. Serão situações caricatas: o partido do governo votar contra propostas que em princípio aceitaria e seriam as suas, mas que não terá espaço para elas no orçamento”.
Ou seja, em antecipação está uma guerra parlamentar entre o PSD e o Chega de André ventura, com o PS a fazer de conta que não é nada com ele. Para o presidente do ISEG resta apenas uma dúvida: até que ponto é que a segunda série não dará lugar a uma terceira série.
Até porque, disse, o Orçamento para o próximo ano assenta em base macroeconómicas que ainda carecem de sustentação e mais análise. E João Duque elencou as que se surgem como as mais desafiantes.
O crescimento menos generoso das exportações – que surge como uma consequência do “mal-estar na economia alemã” e mais particularmente no setor automóvel – é a primeira dessas inquietações. A que se junta um possível excesso da retração da inflação – pelo sucesso da política monetária, como se o próximo problema fosse uma overdose de medicamentos ministrada ao doente. Este excesso pode ter consequências no consumo interno – o que será difícil se se verificar algum impacto ao nível da arrecadação de impostos sobre o consumo. Nesse contexto, é de esperar um aumento da poupança – que “acontece sempre que há um período de retração económica” – que, “se não for canalizada para o investimento”, colocará em causa “diversos equilíbrios”. Entre eles, disse, a possibilidade de o OE2025 dar “tanta satisfação a tantos pedidos e a tantas dependências”.
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