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Novo Banco com lucros de 70,7 milhões no primeiro trimestre, passa para número dois do ranking trimestral

O Novo Banco apresenta, no primeiro trimestre de 2021, resultados positivos de 70,7 milhões de euros, o que compara com um prejuízo de 179,1 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020. É o segundo maior lucro dos bancos portugueses no trimestre depois da Caixa Geral de Depósitos, que registou um lucro de 81 milhões no primeiro trimestre.
31 Maio 2021, 18h01

António Ramalho, CEO do Novo Banco, prometeu que “iniciamos em 2021 um período de resultados positivos, logo desde o primeiro trimestre” e cumpriu.

O Novo Banco apresenta, no primeiro trimestre de 2021, resultados positivos de 70,7 milhões de euros, o que compara com um prejuízo de 179,1 milhões de euros no 1º trimestre de 2020. É o segundo maior lucro dos bancos portugueses depois da Caixa Geral de Depósitos que registou um lucro de 81 milhões no primeiro trimestre.

“Um modelo de negócio sólido a proporcionar um RoTE (return on tangible equity) de 4,9%, apesar do contexto económico de pandemia”, diz a instituição liderada por António Ramalho.

O banqueiro tinha dito que a chamada de capital relativa às perdas de 2020 “encerra no essencial o plano de reestruturação iniciado em 2017”.

Os resultados do Novo Banco são os primeiros que não incluem a cisão legacy e recorrente com que o banco, fruto da resolução do BES, nos habituou nos últimos anos. “Com a conclusão do processo de reestruturação em 2020, os resultados do 1º trimestre de 2021 são divulgados unicamente de forma consolidada”, diz o Novo Banco.

Com a conclusão do processo de reestruturação em 2020 o banco evidencia a capacidade de geração de receitas apesar do atual contexto de pandemia.

A evolução do resultado líquido foi suportada por um crescimento da margem financeira de 12% (ou seja, mais 15,6 milhões de euros). Evolução que compensou o menor comissionamento, explica o banco.

A subida [dos lucros] foi impulsionada pela evolução positiva dos resultados de operações financeiras (52,8 milhões), pela redução nos custos operativos (-5,1%, ou menos 5,5 milhões o que compara com o primeiro trimestre de 2020) e pela redução das imparidades de crédito (que caíram 84 milhões face ao primeiro trimestre de 2020), refere a instituição.

Excluindo os resultados de operações financeiras (de 52,8 milhões) e a imparidade adicional registada no trimestre no âmbito do atual contexto Covid-19 (de 21,8 milhões de euros) os resultados seriam também positivos no montante de 39,6 milhões.

No primeiro trimestre de 2021, o Grupo registou um reforço de imparidades e provisões no montante de 61,8 milhões (incluindo 21,8 milhões e euros de imparidade adicional no âmbito do contexto Covid-19), apresentando uma redução face aos valores registados no período homólogo (-58,6%).

Ainda em termos de conta de resultados, a margem financeira apresenta um crescimento de 12% face ao período homólogo, contribuindo para uma melhoria do produto bancário comercial. No 1º trimestre de 2021 o produto bancário comercial soma 208,5 milhões, o que significa uma subida de 5,3% face ao primeiro trimestre de 2020, em resultado das medidas para a redução das taxas médias dos depósitos.

A melhoria do produto bancário comercial foi atenuada pelo decréscimo ao nível dos serviços a clientes (as comissões caíram 7,5% ou 5,1 milhões), em resultado do atual contexto pandémico. Neste período as comissões registaram uma diminuição, refletindo um menor nível de transações e da atividade bancária em Portugal, consequência do atual contexto pandémico Covid-19, explica o banco.

Os resultados de operações financeiras foram positivos em 52,8 milhões. “O banco gere ativamente a carteira de títulos de dívida pública e corporate HLQA [títulos de bom risco e elevada liquidez, descontáveis no BCE] utilizando instrumentos de cobertura”, diz o banco.

As reservas de justo valor totalizam 317 milhões de euros a 31 de março de 2021. “Os ganhos de cobertura de 27,4 milhões compensaram parcialmente a redução das reservas de justo valor no período”, explica a instituição.

O produto bancário em março é de 273,5 milhões de euros, mais 167 milhões do que um ano antes.

Os custos operativos apresentam uma redução face ao período homólogo (caíram 5,1%, ou 5,5 milhões), situando-se em 102,7 milhões de euros, o que “reflete, para além do investimento no negócio e na transformação digital, o foco na otimização de custos conseguida com a implementação de melhorias ao nível da simplificação e otimização dos processos, traduzindo-se numa melhoria dos rácios de eficiência do banco”.

Os custos com pessoal totalizaram 58,7 milhões (-4,4% em termos homólogos), mantendo a evolução decrescente que se tem verificado nos últimos anos em resultado da recalibração contínua do modelo de negócio em prol do incremento da eficiência.

Em 31 de março de 2021, o Grupo tinha 4.557 colaboradores (4.582 em 31 de dezembro de 2020, ou seja, menos 25 colaboradores).

Os gastos gerais administrativos diminuíram 7,8% face ao período homólogo, totalizando 35,9 milhões, devido a um esforço generalizado de redução de custos de funcionamento, juntamente com investimento no futuro do negócio. O número de balcões, em 31 de março de 2021, era de 357 (quando em dezembro era de 359).

O resultado operacional core do Banco (produto bancário comercial – custos operativos) aumentou para 105,8 milhões de euros (+17,8%, ou seja, um aumento de 16 milhões face ao período homólogo) resultado do efeito da melhoria do produto bancário comercial e da redução dos custos operativos do Banco (que caíram 5,1%, ou menos5,5 milhões face ao 1º trimestre de 2020.

O cost-to-income, excluindo resultados de mercados e outros resultados operacionais, manteve a sua trajetória de melhoria situando-se em 49,3% (no ano de 2020 o rácio de eficiência era 52,2% e no primeiro trimestre de 2020 era de 54,7%). As imparidades para crédito totalizaram 54,9 milhões, que incluem 21,8 milhões de euros de imparidade para riscos relacionados com a Covid-19, o que se traduz numa redução de 60,5% ou, em valores absolutos, uma queda de 84 milhões face ao período homólogo.

O custo do risco, e excluindo as imparidades constituídas no trimestre relacionadas com o atual contexto Covid19, foi de 53 ponto base. Mas o custo do risco no trimestre foi de 88 pontos base, o que é superior ao esperado de médio-prazo, devido aos custos extraordinários, incluindo 22 milhões de euros de imparidades Covid.

O Novo Banco destaca o progresso na qualidade dos ativos ao chegar a março com um rácio NPL (non‑performing loans) de 8% (versus 8,9% em dezembro), beneficiando da alienação da carteira de crédito malparado denominada Wilkinson de 210 milhões de euros (com impacto neutral na conta de resultados).

Em termos de balanço o crédito a clientes de 23,5 mil milhões (líquidos), manteve-se estável em 2021 (ajustados pela alienação de NPL), e os depósitos a aumentarem 0,5%, “refletindo a confiança contínua dos clientes”. O aumento dos recursos totais de clientes face ao final do ano anterior foi de 356 milhões (+1,1%), com um crescimento dos depósitos de clientes de 0,5% (+141 milhões de euros).

“O crédito a clientes tem associada uma taxa média de 2,05%, inferior em sete pontos base face ao 1º trimestre de 2020 devido a, com igual impacto, ao diferente peso de cada segmento (efeito portfolio) e ao contexto concorrencial (efeito taxa)”, lê-se no comunicado do banco. “Os valores médios são inferiores face ao período homólogo de 2020”, resultado da descontinuação das operações em Espanha e dos processos de venda de crédito (Projetos Carter e Wilkinson), “com a carteira de crédito relativamente estável numa base ajustada destes efeitos”.

O saldo médio dos depósitos de clientes foi de 26,3 mil milhões, “com uma taxa média de remuneração de 0,20%”, e o dos recursos monetários foi de 10,3 mil milhões, “com uma taxa média de remuneração de -0,12%, beneficiando em parte das condições das operações de financiamento de longo-prazo do BCE (TLTRO III no montante de sete mil milhões)”.

O Grupo conseguiu assim aumentar o spread entre as taxas ativas (1,68%). O que compara com 1,80% no trimestre homólogo) e as taxas passivas (0,18%, o que compara com 0,44% no trimestre homólogo), com reflexo positivo na margem financeira global (1,49%, versus 1,34% no 1º trimestre de 2020).

O Novo Banco mantém uma posição confortável de liquidez com LCR (Liquidity Coverage Ratio de 140% e NSFR (Net Stable Funding Ratio) de 111%. O banco anunciou um rácio de capital CET 1 de 11,3% (e um rácio de solvabilidade total de 13,3%).

O banco liderado por António Ramalho disse que a alienação das operações em Espanha, anunciada no 1º trimestre de 2021, teve um impacto positivo esperado de cerca de 55 pontos base no rácio CET1, em termos de phased in.

Em 2020 o NB procedeu à transferência da sucursal de Espanha para operações descontinuadas, em linha com a estratégia de descontinuação do negócio em Espanha. Assim, para efeitos comparativos, o 1º trimestre de 2020 apresenta-se reexpresso, diz o banco.

O facto de o banco estar a anunciar hoje os resultados significa que o Novo Banco já recebeu a injeção de 429,3 milhões de euros do Fundo de Resolução e bem assim que os bancos assinaram o contrato de financiamento ao Fundo de Resolução materializado através de uma linha de crédito no total de 475 milhões, da qual o Fundo começou por usar o valor da injeção determinada sem incluir as verbas que estão sob divergência e que serão decididas mais tarde pelo Tribunal Arbitral.

O CEO do Novo Banco (NB) anunciou uma chamada de capital de 598,3 milhões de euros, mas a este valor o Fundo de Resolução deduziu 147 milhões de euros por divergências com a desvalorização da sucursal em Espanha que já este ano foi acordada vender ao Abanca. Esta divergência que inicialmente era de 166 milhões de euros (que coincide com o valor da melhor proposta de compra do Novo Banco Espanha), acabou por ficar naquele valor porque houve um ligeiro efeito de libertação de ativos ponderados pelo risco (RWA) já contabilizado em 2020.

À perda que o banco registou com a operação espanhola, e aos bónus aprovados para a administração de quase quatro milhões de euros (prémios acumulados de 2019 e 2020), juntam-se 18 milhões de euros revelados pela primeira vez por Luís Máximo dos Santos na Comissão Parlamentar de Inquérito. O presidente do Fundo de Resolução, e vice-Governador do Banco de Portugal revelou na audição que o fundo tem um terceiro diferendo com o banco que vai para litígio no Tribunal Arbitral, relativo à “valorização de um ativo” num processo em que “já há pronúncia do auditor”.

Com esta injeção o Novo Banco encerrou o plano de reestruturação do banco iniciado em 2017, quando foi vendido ao Lone Star.

O Novo Banco não registou imparidades adicionais com a sua exposição a fundos de reestruturação, ao contrário do que aconteceu em 2020. Tal como divulgado pelo site do regulador dos mercados. a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) obrigou o Novo Banco a divulgar publicamente informação sobre os seis fundos de reestruturação em que participa, mais concretamente sobre a avaliação que fez destes ativos no ano passado.

As perdas de 260,6 milhões de euros com a reavaliação de fundos de reestruturação afectaram as contas do banco. A avaliação ao fair value dos fundos de reestruturação surge após notificação do Banco Central Europeu, em 2018, para que o Novo Banco realizasse essa avaliação independente, que ficou a cargo da Alvarez & Marsal, que desenhou o plano de redução de NPL do banco em 2016.

Foi o relatório da Alvarez & Marsal que levou o Novo Banco a registar de forma provisória os 260 milhões de euros.

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