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Novo Banco: Marcelo não comenta venda de seguradora com 70% de desconto e diz que vai esperar pela auditoria

O Chefe de Estado disse que vai esperar pela auditoria à gestão do banco liderado por António Ramalho, pedida pelo Governo à Deloitte, e que as consequências dos negócios ruinosos do Novo Banco só poderão ser determinadas depois de conhecidos os resultados da auditoria.
10 Agosto 2020, 13h44

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou-se esta segunda-feira a comentar diretamente a notícia de que o Novo Banco terá vendido uma seguradora a 70% do valor de mercado. O Chefe de Estado disse que vai esperar pela auditoria à gestão do banco liderado por António Ramalho e que as consequências dos negócios ruinosos do Novo Banco só poderão ser determinadas depois de conhecidos os resultados da auditoria.

“O Governo tomou uma posição sensata – que é a minha posição já há muito tempo –, que é a acelerar e pedir que se acelere a auditoria e todo o tipo de investigação a todo o tipo de realidade relativamente ao Novo Banco. Esperemos que isso se concretize o mais rapidamente possível”, afirmou o Presidente da República, à margem de um passeio realizado na baixa da cidade de Silves, no Algarve.

Em causa está a auditoria pedida pelo Governo à consultora Deloitte e que incide sobre a gestão do BES/Novo Banco, referente ao período de 2000 a 2018, nomeadamente sobre os créditos problemáticos e venda de imóveis com desconto. A auditoria deveria ter sido entregue a 31 de julho, mas depois de a Deloitte ter falhado o prazo, só deverá ser conhecida no final de agosto e enviada ao Parlamento.

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que os resultados da auditoria são “importantes para o esclarecimento dos portugueses”, que, segundo o Chefe de Estado, estão “indiretamente os portugueses estão envolvidos pela garantia do Estado ao Fundo de Resolução”. Quanto às consequências dos negócios ruinosos do Novo Banco que têm vindo a público, o Chefe de Estado ressalva que só poderão ser determinadas depois de ser tornada pública a auditoria.

O Presidente da República não quis, no entanto, comentar diretamente a notícia do jornal “Público” que dá conta de que o Novo Banco vendeu, em outubro de 2019, a seguradora GNB Vida ao Apax, um fundo de um milionário condenado nos Estados Unidos por corrupção, por um preço muito abaixo do seu valor contabilístico, inscrito no balanço de 30 de junho daquele ano. De acordo com o “Público”, a GNB Vida terá sido vendida com um “desconto” de 68,5% ao Apax.

O “Público” noticia ainda que a operação gerou uma perda de 268,2 milhões de euros para o Novo Banco e serviu para António Ramalho “justificar novo pedido de injeção de dinheiros públicos” do Fundo de Resolução.

Quanto ao comprador da seguradora, que passou depois a ser conhecida como Gama Life, trata-se de Greg Lindberg, um milionário do setor dos seguros que foi condenado este ano por fraude, corrupção e evasão fiscal. Greg Lindberg foi ainda acusado de pagar ao Partido Republicano para a sua empresa, a Global Bankers, ser beneficiada.

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