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Novobanco decide em dois meses prémios não recebidos por ex-administrador

A política de remunerações do banco permite não atribuir prémio ou pedir prémios já atribuídos mas ainda não pagos por estarem sujeitos a diferimento, em caso de despedimento com justa causa. O Novobanco contratou uma ‘headhunter’ internacional para recrutar um novo Chief Risk Officer.
13 Janeiro 2025, 07h30

O Comité de Remunerações do Novobanco e o seu Conselho Geral e de Supervisão, ambos presididos por Byron Haynes, vão tomar no prazo de um a dois meses a decisão sobre os prémios de Carlos Brandão, o administrador despedido por justa causa devido ao sistema de controlo interno do banco ter detetado “operações financeiras suspeitas realizadas na sua esfera pessoal”, tendo o banco apresentado uma denúncia à Procuradoria-Geral da República (PGR).

O banco diz que a avaliação deste caso dos prémios será feita no âmbito das atribuições do comité de remunerações.

A política de remunerações do banco permite não atribuir prémio ou pedir prémios já atribuídos mas ainda não pagos por estarem sujeitos a diferimento, em caso de despedimento com justa causa.

Carlos Brandão, no Novobanco desde 2017, foi para a administração executiva em 2022 com um prémio de assinatura de 80 mil euros. Depois, foram-lhe sendo atribuídos bónus anuais, avançou o Expresso.

O semanário revelou também que nesse ano, em 2023, além do salário fixo de 320 mil euros, Carlos Brandão viu ser-lhe atribuído um prémio de 275 mil euros pelo seu desempenho, metade da qual em numerário (137,5 mil euros). Metade deste prémio é pago no ano em causa, a outra metade durante um período de cinco anos (entre 2024 e 2028).

É esta parte diferida que Carlos Brandão corre o risco de perder.

Não se conhecem os prémios que foram atribuídos em 2024, e que só serão revelados no relatório e contas relativo a esse ano, mas a probabilidade de lhe serem mesmo atribuídos agora é baixa.

O então Chief Risk Officer foi despedido com efeitos imediatos na passada terça-feira, dia 7 de janeiro, na sequência da decisão do Conselho Geral e de Supervisão do Novobanco. Em causa estão negócios imobiliários com investidores da Guiné Bissau e depósitos avultados em dinheiro.

Segundo a informação que foi saindo foram cerca de 500 mil euros em transferências e sucessivos depósitos feitos em dinheiro vivo no Novobanco e, pelo menos, em três outras instituições financeiras nacionais, avança o Jornal Económico esta sexta-feira bem como operações imobiliárias que envolvem a mulher do ex-gestor, também constituída arguida neste inquérito.

O JE revela que Carlos Brandão utilizou o banco público, CGD, o Santander e Bankinter, estes dois últimos onde trabalhou antes do Novobanco e já teria contas abertas, para depositar o dinheiro vivo, além da instituição onde até esta terça-feira desempenhava as funções de administrador executivo com o pelouro do risco.

Após deteção da situação, o banco explica que iniciou uma investigação interna e apresentou uma denúncia junto do Ministério Publico, o que levou ao início de uma investigação que está agora em curso.

“De igual modo, o Novobanco reportou o assunto ao regulador e à autoridade de supervisão competente nesta matéria”, destaca a instituição que explica que “foram imediatamente adotadas todas as medidas necessárias e adequadas à situação, com vista à proteção do banco e de todos os seus stakeholders, tendo o banco agido em total coordenação e cooperação com as autoridades competentes”.

Interinamente, o cargo de Chief Risk Officer está a ser assumido pelo CEO Mark Bourke.

O plano de sucessão foi já ativado pelo Comité de Nomeações do Conselho Geral e de Supervisão e, segundo o banco, “os respetivos desenvolvimentos serão anunciados oportunamente, logo que concluído o processo”.

O Jornal Económico sabe que o Novobanco contactou uma empresa de headhunter internacional para encontrar um novo Chief Risk Officer.

O Novobanco tem trabalhado com a Korn Ferry.

 

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