Estamos a viver tempos novos na política, nacional e internacional. Acontecimentos recentes, e muito preocupantes, permitem atestar que o populismo tem ganho terreno à moderação e à racionalidade das opções políticas. Infelizmente, isto acontece um pouco por todo o mundo, em consequência do descrédito das instituições públicas junto dos cidadãos e da descrença do eleitorado nos partidos políticos ditos tradicionais.

O que assistimos na América, ou agora mais recentemente na primeira volta das eleições no Brasil, são apenas dois exemplos de ameaças à democracia e ao equilíbrio social que tem vigorado nas últimas décadas. Algo que ocorrera já também, à esquerda, com Maduro ou Hugo Chávez.

As agendas com temas fraturantes e os discursos antissistema galvanizam eleitores que já não são, apenas e só, franjas da sociedade. Os povos, mesmo nas democracias maduras, exigem ruturas com o statu quo e não parecem dispostos a pactuar mais com o discurso do “politicamente correto”.

Deparamo-nos assim, perante estes conturbados tempos, com uma necessidade premente de resposta a esta imposição de novos desafios à democracia e aos seus agentes políticos. Fenómenos como a senhora Le Pen ou o senhor Bolsonaro são ameaças sérias à coesão social e ao estado de direito de qualquer democracia.

O grau de conflitualidade vislumbrado entre estados, seja do ponto de vista bélico ou comercial, antecipa no horizonte tempos mais inseguros e incertos. Esta antevisão ainda está a tempo de ser travada e alterada se, de uma vez por todas, os responsáveis pela governação forem mais transparentes, mais eficientes, e mais responsáveis na aplicação dos dinheiros públicos.

As redes sociais têm sido o motor e o combustível que alimenta estes recentes fenómenos populistas. Vivemos numa espécie de democracia digital onde parece só ter expressão o imediato, o facilmente digerível, o que é fraturante. Optar pelo que une e não pelo que divide, pelo que faz pensar e não pelo que faz gritar, é uma tarefa que muitos consideram já inglória. Mas acredito que as plataformas digitais e as redes sociais podem e devem também ser palco de uma política participativa, ativa, assente no envolvimento e na partilha, no debate e na construção de ideias.

Combater o populismo passa por mudar a mensagem. Não apenas por criticar o mensageiro. As redes sociais são um veículo incontornável para os cidadãos nas suas decisões. O importante é que nós, políticos, saibamos usá-las. Aliando as razões às emoções.

 

António Cotrim/Lusa

 

O caso de Tancos é revelador da vulnerabilidade das instituições do Estado e a gravidade do sucedido não permite que se ignorem as consequências políticas. A pasta da Defesa é demasiado sensível e determinante, nos tempos que correm, para termos um ministro que afirma não saber nada, que nunca viu nada e que, por ele, nada mais há a fazer.

Entre tudo aquilo que já foi tornado público e ainda o que porventura poderá vir a ser revelado, é por demais evidente que o ministro da Defesa não tem condições para continuar a desempenhar o seu cargo. Que o Sr. primeiro-ministro insista em protegê-lo, quando devia ser o primeiro a perceber o que está em causa, é algo que não fica bem a alguém com a sua experiência política.