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“Nunca tinha visto um diretor nacional da PJ fazer de assessor de imprensa”

Luís Miguel Henrique, advogado e antigo comentador do “Jogo Económico”, destacou que Luís Neves “chegou mesmo ao cúmulo não só de impedir Fernando Gomes de responder aos jornalistas, como até de responder por ele”.
O primeiro-ministro, António Costa (2E) e a ministra da Justiça, Francisca Van Dunen (E), preside à posse de Luís Neves (C) como diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) em cerimónia no Ministério da Justiça, 18 de junho de 2018, em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA
26 Março 2025, 09h38

Luís Miguel Henrique, advogado e antigo comentador e mentor do programa “Jogo Económico”, da JE TV, dirigiu fortes críticas a Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, pela forma como agiu na tomada de posse de Fernando Gomes como novo presidente do COP, no dia em que a PJ fez buscas na Federação Portuguesa de Futebol.

A Polícia Judiciária avançou esta terça-feira com buscas na FPF e em causa estão “suspeitas dos crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem e fraude fiscal”. Estas conduziram a “cerca de 20 buscas a pessoas singulares, coletivas e sociedades de advogados”, salientou. A situação remete para a venda do edifício que funcionou como sede da FPF até 2004. O negócio quando Fernando Gomes era presidente da FPF, ao mesmo tempo que Tiago Craveiro era diretor-geral.

Também esta terça-feira, Fernando Gomes tomou posse como novo presidente do Comité Olímpico de Portugal, ato em que Luís Neves não só marcou presença como garantiu que o antigo presidente da FPF não era visado nesta investigação.

Sobre o tema, o advogado escreveu esta quarta-feira no “Record”, deixando fortes críticas ao “homem forte” da PJ em Portugal: “O que nunca tinha visto foi um diretor da PJ vir fazer a acérrima e invulgar defesa de um cidadão, enquanto prosseguiam buscas que os seus próprios inspetores estavam a levar a cabo”.

Luís Miguel Henrique adverte ao jornal desportivo que tudo isto aconteceu “sem saber o que ainda poderiam encontrar, chegando mesmo ao cúmulo não só de impedir Fernando Gomes de responder aos jornalistas, como até de responder por ele”. “Inacreditável”, concluiu o antigo comentador do “Jogo Económico”.

Dois arguidos na operação “Mais Valia”

O antigo deputado do PS Luís Gameiro e o antigo secretário-geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) Paulo Lourenço são os dois arguidos constituídos na Operação Mais Valia, confirmou hoje à Lusa fonte judicial.

Lourenço, o advogado, trabalhou como secretário-geral entre 2012 e 2018, na federação, e como assessor jurídico do então presidente, Fernando Gomes, enquanto António Gameiro, doutorado em Direito, foi deputado do PS eleito cinco vezes por Santarém, tendo saído da Assembleia da República em 2023.

Estes dois são os arguidos constituídos para já, podendo haver mais, num dia em que a Polícia Judiciária (PJ) efetuou buscas em vários locais, entre eles a sede da FPF, e o diretor nacional, Luís Neves, confirmou que Fernando Gomes e o antigo diretor-geral Tiago Craveiro não são arguidos na operação.

A FPF é agora liderada por Pedro Proença, que em fevereiro deste ano sucedeu a Fernando Gomes, presidente nos últimos 13 anos e prestes a ser empossado como líder do Comité Olímpico de Portugal (COP).

As buscas estão relacionadas com a venda da antiga sede da FPF, em 2018, na rua Alexandre Herculano, em Lisboa, por mais de 11 milhões de euros, adiantou a PJ em comunicado.

Em causa estão suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal, confirmou esta polícia.

Também em comunicado, a PJ avançou que, durante a investigação, “foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas, sobretudo, com a intermediação da venda” do edifício em questão.

Durante o dia de ontem, foram cumpridos 20 mandados de busca em casas, uma instituição bancária e sociedades de advogados localizados nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.

A investigação, que teve início em 2021, está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e vai continuar “com a análise à prova agora recolhida e com os competentes exames e perícias”.

O edifício da sede da Federação Portuguesa de Futebol foi vendido em 2018, altura em que Fernando Gomes era presidente da FPF, cargo que deixou em fevereiro deste ano, sendo sucedido por Pedro Proença, e tomou posse esta terça-feira como presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).

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