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Nuno Artur Silva: Ex-administrador da RTP e fundador da Produções Fictícias vai para secretário de Estado

Nuno Artur Silva assume funções governamentais, pouco mais de um ano depois de ter deixado a administração da RTP por alegado conflito de interesses. A sua nomeação é uma das maiores surpresas na equipa do novo Governo.
21 Outubro 2019, 12h03

O fundador das Produções Fictícias (PF) e antigo administrador da RTP, Nuno Artur Silva, foi nomeado para assumir o cargo de secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media –  integrado no Ministério da Cultura -, de acordo com a lista de secretários de Estado aprovada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta segunda-feira, 21 de outubro.

Este Governo vai contar com dois secretários de Estado no Ministério da Cultura , com Ângela Ferreira a tutelar o Património Cultural e Nuno Artur Silva a ficar com a pasta do Cinema, Audiovisual e Media. Esta última secretaria é uma das novidades, tendo sido criada agora para o XXII Governo Constitucional.

Nuno Artur Silva entra no Executivo e fica a tutelar a RTP, a empresa pública de onde foi afastado da administração pelo Conselho Geral Independente.

Nuno Artur Silva, conhecido empresário do sector de media, argumentista, produtor e escritor, foi o nome para integrar o ministério tutelado por Graça Fonseca. Aos 57 anos de idade, Nuno Artur Silva entra no Executivo e fica a tutelar a RTP, a empresa pública de onde foi afastado da administração pelo Conselho Geral Independente (CGI), por alegado conflito de interesses.

O afastamento de Nuno Artur Silva da RTP, em janeiro de 2018, foi justificado pelo CGI, órgão que supervisiona a administração da estação pública, sustentando que a sua continuidade era “incompatível com a irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados, cuja manutenção não é aceitável”.

Aquando do seu afastamento da RTP, mais de 200 personalidades da cultura e dos media questionaram o governo de António Costa num abaixo-assinado, contra a decisão do CGI. O CGI revelou, ainda, “não ter verificado que isso [alegada incompatibilidade] tenha sido lesivo da empresa [a RTP], no decurso do seu mandato”.

Na origem da saída de Nuno Artur Silva da administração do canal público esteve a ligação entre a sua posição na RTP “e os seus interesses patrimoniais privados”. A análise e intervenção da CGI foi suscitada depois de ter sido noticiado a existência de alegados negócios suspeitos com as séries da RTP, o que motivou uma onda de contestação da Comissão de Trabalhadores da estação pública.

A presença de Nuno Artur Silva, fundador e um dos proprietários da Produções Fictícias, na administração da RTP nunca foi consensual. Logo no início do seu mandato, em fevereiro de 2015, a sua entrada no canal público gerou polémica, uma vez que a PF era há muito anos fornecedora de conteúdos da televisão pública.

Contudo, o CGI reconheceu o papel de Nuno Artur Silva entre 2015 e 2018 na reconfiguração estratégica da política de conteúdos da RTP, “tarefa que desempenhou de modo altamente meritório e sucessivamente reconhecido pelas instâncias de escrutínio da empresa”.

Além de administrador, o agora secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media foi, entre 2015 e 2018, assessor criativo da direção de programas da RTP.

No âmbito do universo da Produções Fictícias, Nuno Artur Silva foi também diretor-geral do Canal Q, detido pela produtora. Após a fundação da PF, Nuno Artur Silva foi  co-autor de projetos de media e programas icónicos como “Herman Zap”, “Herman Enciclopédia”, “Contra Informação”, “Programa da Maria”, “Paraíso Filmes”, “Os Contemporâneos” e “Estado de Graça”.

Nuno Artur Silva passou também pela SIC, enquanto apresentador do programa de comentário político “Eixo do Mal”.

Este ano, Nuno Artur Silva também comissariou este ano a programação da Feira do Livro do Porto e o programa “O Fascínio das Histórias”, que no próximo sábado ocupará vários espaços da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com debates, leituras e cinema.

A sua veia de argumentista deveria ser novamente revelada em novembro , em Lisboa, no espetáculo “Onde é que eu ia?”, adiado agora devido à nomeação para secretário de Estado. “Onde é que eu ia?” tinha sessões marcadas para os dias 8 e 9 de novembro no Teatro Capitólio.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou a lista de secretários de Estado proposta pelo primeiro-ministro indigitado, António Costa.

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