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Nvidia: Ações afundam 6% com mercado a desconfiar de melhores perspetivas de lucro

Ações da Nvidia recuaram mais de 6% nas negociações ‘after-hours’, depois da empresa mais valiosa do mundo ter apresentado um agressivo programa de recompra de títulos e de melhorar as perspetivas de receitas até ao fim do ano.
Nvidia
REUTERS/File Photo
29 Agosto 2024, 09h11

A Nvidia viu os seus lucros dispararem, novamente, em 168% até aos para 16,6 mil milhões de dólares (14,4 mil milhões de euros) no segundo trimestre fiscal de 2025, mas o mercado não parece ter ficado satisfeito, o que levou as ações a afundarem. A super-empresa dos chips conseguiu superar as expectativas dos analistas, que previam um abrandamento dos lucros e receitas, uma vez que o boom não pode durar para sempre.

Contudo, e apesar da empresa continuar a brilhar, o mercado não reagiu de forma muito positiva. Os investidores pareciam satisfeitos com a expectativa da Nvidia apresentar os melhores lucros de sempre para o trimestre, pelo menos no fecho da sessão de 27 de agosto, quando as ações abriram a 125,05 dólares e encerraram em alta nos 128,30 dólares.

Mas um novo dia significa um novo começo. Exemplo disso mesmo foram os títulos da Nvidia nas negociações desta quarta-feira, 28 de agosto, e no mesmo dia da apresentação dos resultados. Tudo parecia estar contra a gigante dos chips: abriu a um valor inferior que a negociação anterior, nos 128,12 dólares e ao longo da sessão foi caindo até aos 125,61 dólares, tocando ainda num mínimo de 22,64 dólares por título.

Trata-se então de uma queda diária de 2%, algo que pode parecer insignificante, mas que para uma cotada de Wall Street significa a perda de muitos milhões. Ainda mais milhões são quando a cotada em causa é a empresa mais valiosa de toda a Wall Street.

Os valores registados no fecho de dia 27, terça-feira, significam que a Nvidia encerrou a sessão com uma capitalização de mercado na ordem dos 3,16 biliões de dólares, um valor bastante simpático. Mas a descolagem das ações em bolsa, em pouco mais de 2%, fez danos: capitalização caiu para 3,11 biliões de dólares no fim das negociações.

Em contas simples, a super-empresa viu evaporarem-se cinco biliões de dólares do seu valor de mercado. As boas notícias é que manteve a posição de empresa mais valiosa da bolsa de Nova Iorque.

As más? Os títulos da cotada mantiveram uma rota descendente nas negociações after-hours, com as perdas por vezes a superar os 5,5% e a cair dos 119 dólares, valor que a empresa não via desde 15 de agosto. No fim das negociações after-hours, os títulos da Nvidia afundaram 6,93% para 116,91 dólares.

Novamente com as contas, este valor alcançado após o fecho do mercado fez com que a empresa ficassem com uma capitalização de 3,09 biliões de dólares, numa dolorosa queda de sete biliões de dólares do seu valor de mercado em duas sessões.

De acordo com o analista Antonio Ernesto Di Giacomo da XS.com, a reação do mercado foi “inesperada” pelo facto da Nvidia ter ultrapassado, com satisfação, as perspetivas dos analistas antes da apresentação das contas. “Alguns analistas sugerem que o declínio das ações pode estar relacionado com expectativas ainda maiores por parte dos investidores ou preocupações sobre a sustentabilidade do rápido crescimento da empresa”.

Além dos lucros e receitas recorde, Di Giacomo lembra que a Nvidia anunciou um programa de recompra de ações, na ordem dos 50 mil milhões de dólares, apelidando-o de “movimento estratégico”, uma vez que “demonstra confiança no seu futuro e compromisso em gerar valor para os acionistas”.

Foi também a projeção de receitas de 32,5 mil milhões de euros para o terceiro trimestre, que voltou a exceder as expectativas de Wall Street, que poderá ter apresentado um efeito contrário. Ainda assim, tanto a recompra de ações quanto a projeção das receitas “ressalvam a posição dominante da Nvidia no mercado e a ambição de continuar a desenvolver tecnologia avançada”.

Ao anunciar os planos para acelerar a produção dos chips Blackwell AI, a Nvidia antecipou ainda que deverá aumentar ainda mais a receita no quarto trimestre, apoiada então por estes chips. “Este aumento de produção é apoiado pela crescente procura por soluções de Inteligência Artificial, uma área onde a Nvidia estabeleceu uma clara vantagem competitiva”, aponta o analista.

Na sua análise, Antonio Ernesto Di Giacomo sustenta que “apesar dos excelentes resultados e perspetivas positivas para os próximos trimestres, a Nvidia enfrenta um mercado que exige desempenho extraordinário e contínuo. Apesar dos fortes resultados, a queda no preço das ações reflete as altas expectativas que os investidores têm para a empresa. No entanto, com sua sólida posição no sector de Inteligência Artificial e um agressivo programa de recompra de ações, a Nvidia parece bem posicionada para enfrentar desafios e continuar a sua trajetória de crescimento”.

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