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O desconfinamento económico e o controlo epidémico

Ser oposição é tão ou mais importante do que ser poder em muitas situações. Uma oposição fraca faz um poder mais fraco e a oposição na Madeira tem deixado muito a desejar. O negativismo e falta de propostas alternativas faz-me antecipar o que que muitas vezes acontece quando existe muito ruído na ausência de ideias. Que o tempo prove que estou errado e que o nível do debate das ideias seja saudável.
23 Março 2021, 07h15

Algo de errado não está certo, principalmente na coordenação (ou falta dela) do PS Madeira. Temos sido bombardeados com a questão da veracidade dos números relacionados com a pandemia na Madeira e Porto Santo, colocando em causa tudo aquilo que é reportado pelas entidades competentes. A dada altura notamos que um infetado em Lisboa com residência na Madeira contava como positivo no arquipélago. Para quem depende do turismo e quer apresentar-se com o menor de casos possíveis estes dados podem fazer a diferença entre a descolagem ou não de um avião, entre a reabertura ou não de unidades hoteleiras e a retoma ou não daqueles que anseiam por voltar ao trabalho.

Esta maneira de contabilizar da DGS, que deixo para outros avaliarem, mereceu duras críticas de quase todos. Por parte dos deputados do PS no plenário nem uma palavra. Existe a lógica de quanto pior melhor. Nem a assessora do deputado do Porto Santo notou que na Madeira fizeram o mesmo com o Porto Santo.

Estavam a fazer com o Porto Santo aquilo que estavam a reivindicar por parte da DGS. Entretanto a questão foi corrigida.

Até ao dia de hoje não conhecemos um plano concreto do principal partido da oposição no que toca ao modo e temporização do desconfinamento. Tenho em mim a certeza que só não existe ruído de fundo em relação à vacinação porque sabem que existe um controlo de âmbito nacional e que os responsáveis políticos por cá dependem do plano traçado a nível nacional no que toca ao número de vacinas. Mesmo assim tentou criar-se uma onda de comparação com a ilha do Corvo. Da noite para o dia queriam o mesmo, esquecendo o número de habitantes que o Corvo e o Porto Santo têm. Mas valeu na mesma, mas a injustiça das transferências de estado precisamente entre o Corvo e o Porto Santo, na altura devida, não foi comentada, silêncio absoluto.

A quem tenta fazer uma rotina diária e percorre o seu sítio sabe da necessidade do desconfinamento, da extensão das horas do recolher obrigatório para que a maioria dos negócios possa captar o cliente local. Pelo menos esses. Mas não considero que possamos abdicar de duas semanas na Páscoa como se fossemos salvar o ano. Vislumbramos um verão mais forte que o transato fruto do sinal verde dado pelo governo britânico em relação aos voos internacionais e ao contrário do que é publicitado a força do turismo vem das empresas do setor com décadas de implantação e reconhecimento nos mercados emissores. O papel de qualquer governo com estima pelas empresas do seu território é fornecer as ferramentas adequadas para o desenvolvimento dos seus negócios, mas nunca se intrometendo nos seus modelos de negócio.

Dizem que é preciso salvar o verão no Porto Santo quando desconhecem completamente o número de charters garantidos. A procura tem sido mais do que boa e existe inclusive agências a negociar a possibilidade de mais do que estava previamente delineado. Mas a estratégia desta retórica é de fácil leitura.

Este ano é ano de eleições autárquicas e tenta-se transformar o plenário regional numa espécie de assembleia municipal. Propagar o medo da incerteza é o modus operandi esperando que dessa receita resultem votos.

Mas nem tudo é mau no PS Madeira. A eurodeputada Sara Cerdas, contrariando as suspeições lançadas por Paulo Cafôfo, vai sensibilizar a correção dos números reportados que colocam a Região Autónoma da Madeira no vermelho por considerar que os números atuais não correspondem à realidade.

Ser oposição é tão ou mais importante do que ser poder em muitas situações. Uma oposição fraca faz um poder mais fraco e a oposição na Madeira tem deixado muito a desejar. O negativismo e falta de propostas alternativas faz-me antecipar o que que muitas vezes acontece quando existe muito ruído na ausência de ideias. Que o tempo prove que estou errado e que o nível do debate das ideias seja saudável.

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